ESPMEXENGBRAIND
29 abr 2025
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UFPB e Instituto Nacional do Semiárido (INSA) desenvolvem produtos com leite de cabra e vegetais com propriedades antioxidantes típicos do bioma Caatinga.
Cabra
Os produtos foram desenvolvidos a partir do leite de cabra e de vegetais com propriedades antioxidantes típicos do bioma Caatinga.

Uma bebida láctea caprina em pó, um iogurte probiótico com extrato de seriguela, outro enriquecido com cactáceas e um molho com açafrão-da-terra e probióticos são os novos produtos desenvolvidos por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em parceria com o Instituto Nacional do Semiárido (INSA).

A proposta é fortalecer a cadeia produtiva de lácteos caprinos no semiárido e gerar novas possibilidades de renda para agricultores familiares, cooperativas e laticínios da região que compreende o Cariri paraibano e o sertão de Pernambuco — maior bacia leiteira caprina do país, com produção anual de 7,3 milhões de litros, cerca de 28% da produção nacional.

O estudo, que já dura mais de três anos, foi conduzido com apoio do Governo da Paraíba, por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa (Fapesq), e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), através do Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) Semiárido.

O investimento total foi de R$ 700 mil, destinados à aquisição de insumos, bolsas de pesquisa e infraestrutura laboratorial.

 

Governo da Paraíba e Capes investem em pesquisas de novos produtos de leite caprino com vegetais do Semiárido
Vegetais com propriedades antioxidantes típicos do bioma caatinga, como cactáceas, foram incorporados ao leite de cabra. Foto: UFPB/Divulgação

Bactérias benéficas e ingredientes da Caatinga ampliam valor do leite de cabra

Os produtos foram desenvolvidos a partir do leite de cabra e de vegetais com propriedades antioxidantes típicos do bioma Caatinga.

A combinação desses ingredientes visa agregar valor nutricional e funcional, promovendo o uso sustentável da biodiversidade local.

Os testes envolveram variações de sabores, análises físico-químicas e sensoriais, além de testes de biodisponibilidade in vivo e in vitro.

De acordo com a pesquisadora Juliana Kessia, da UFPB, os avanços obtidos com a pesquisa contribuem diretamente para a valorização da produção regional.

“O desenvolvimento de uma bebida em pó com boas características de reconstituição facilita o consumo e o armazenamento. Já as bebidas lácteas prontas trazem praticidade para o dia a dia do consumidor, promovendo maior inserção dos produtos caprinos em mercados diversos e oferecendo benefícios à saúde”, afirmou.

Entre os principais avanços técnicos está o uso de hidrocoloides — substâncias que formam géis em contato com água —, que melhoraram a solubilidade e a textura das bebidas em pó.

Além disso, a associação do leite de cabra com ingredientes como seriguela, açafrão-da-terra e cactáceas potencializou os efeitos antioxidantes dos produtos, ampliando seu potencial funcional e mercado consumidor.

Pesquisa aplicada com foco na cadeia caprina

Os experimentos foram realizados nos laboratórios do Centro de Tecnologia e Desenvolvimento Regional (CTDR) e do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias (CCHSA), da UFPB, além do INSA, utilizando técnicas como a secagem por spray-dryer e análises específicas de composição nutricional.

A pesquisa também representa a continuidade da linha de estudos liderada pela professora Rita de Cássia Queiroga (in memoriam), referência no desenvolvimento de produtos derivados de leite caprino no Brasil.

O leite de cabra, segundo os pesquisadores, apresenta características nutricionais que o tornam mais digestível do que o leite bovino, com menor potencial alergênico e maior concentração de compostos bioativos como lactoferrina e imunoglobulinas.

Por conter menos lactose, é mais tolerado por pessoas com sensibilidade moderada, especialmente quando fermentado ou combinado a antioxidantes naturais.

Além da pesquisadora Juliana Kessia, integram o projeto os professores Fábio Anderson da Silva, Haíssa Cardarelli e a coordenadora do estudo, Marciane Magnani.

Também participam pós-graduandas do Programa de Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFPB e pesquisadores do INSA, com apoio técnico e de estudantes de graduação.

Banco de fermentos lácticos

Outro destaque do projeto é a utilização da bactéria Lactobacillus rhamnosus EM 1107, isolada por pesquisadores da UFPB em parceria com a Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), especificamente para aplicação em produtos lácteos funcionais.

Essa cepa apresentou capacidade de sobreviver ao processo digestivo humano e controlar respostas inflamatórias intestinais, conforme artigo publicado na revista Journal of Functional Foods em 2019.

Essa mesma bactéria foi utilizada na produção de um queijo caprino 100% nacional, o Serra do Pico, fabricado no Laticínio Grupiara da Fazenda Carnaúba, em Taperoá (PB).

O queijo recebeu a medalha de bronze no “Mondial du Fromage”, concurso mundial de queijos realizado em Tours, na França, em 2020. O Laticínio Grupiara pertence à família do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna e utiliza leite das raças caprinas Guzerá e Sindi.

Com o desenvolvimento de insumos brasileiros, espera-se reduzir os custos da produção nacional ao diminuir a dependência de fermentos importados. “Hoje o acesso a fermentos lácticos funcionais para os pequenos laticínios é bastante restrito, devido principalmente ao custo elevado para aquisição desses insumos.

A principal vantagem é a disponibilização de tecnologias compatíveis com as condições de produção artesanal ou em pequena escala, que representa a maior parte das agroindústrias processadoras de leite caprino no Brasil”, destacou a equipe de pesquisa.

*Com informações do Governo da Paraíba

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