Leite de camelo e saúde: uma nova descoberta científica
O leite de camelo, consumido há séculos em regiões áridas da África e do Oriente Médio, vem ganhando destaque internacional por suas possíveis propriedades terapêuticas.
Agora, uma nova investigação publicada na revista científica PLOS One sugere que essa bebida pode desempenhar um papel importante na redução da gravidade da asma — especialmente a desencadeada por ácaros da poeira doméstica, um dos principais fatores de risco para milhões de pessoas em todo o mundo.
A pesquisa, realizada em ratos de laboratório, revelou que o consumo de leite de camelo ajudou a normalizar a hiperresponsividade das vias respiratórias, diminuindo a inflamação e reduzindo o número de células imunitárias envolvidas em crises asmáticas.
O desafio dos ácaros e da asma
A asma é uma das doenças respiratórias crônicas mais comuns no planeta, afetando mais de 260 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Entre seus principais gatilhos estão os ácaros da poeira doméstica, microrganismos microscópicos que prosperam em ambientes quentes e úmidos.
Eliminar completamente esses agentes não é possível, já que estão presentes em praticamente todas as casas do mundo. Assim, novas alternativas de prevenção e tratamento se tornam fundamentais para melhorar a qualidade de vida dos asmáticos.
O que mostrou o estudo
Os pesquisadores observaram que os ratos expostos aos ácaros apresentaram uma resposta inflamatória acentuada. No entanto, quando receberam leite de camelo, os níveis de inflamação caíram de maneira significativa.
Entre os principais resultados, destacam-se:
- Redução da hiperresponsividade das vias respiratórias, que voltou a níveis normais;
- Diminuição de eosinófilos, glóbulos brancos associados à asma alérgica;
- Menor presença de células T auxiliares (Th2 e Th17), diretamente ligadas a reações alérgicas e doenças autoimunes;
- Redução de citocinas inflamatórias e da proteína CCL17, que atrai células imunológicas para áreas inflamadas.
Esses achados sugerem que o leite de camelo pode atuar como modulador da resposta imunitária, reduzindo processos alérgicos e inflamatórios característicos da asma.
Um alimento rico em nutrientes
O interesse pelo leite de camelo não é recente. Pesquisas anteriores já haviam mostrado que ele contém mais vitaminas, minerais e antioxidantes do que o leite de vaca. Além disso, apresenta proteínas de soro de alto valor nutricional, lactoferrina — com ação antimicrobiana e de suporte imunológico — e imunoglobulina G (IgG), um tipo de anticorpo.
Curiosamente, pessoas com asma tendem a apresentar níveis mais baixos de IgG, o que pode reforçar o papel positivo do leite de camelo nesse contexto.
Potencial terapêutico e próximos passos
Embora os resultados sejam promissores, os cientistas destacam que os testes foram realizados apenas em animais. Para confirmar a eficácia do leite de camelo no tratamento da asma em humanos, serão necessários ensaios clínicos em larga escala.
Se os efeitos se comprovarem, o leite de camelo poderá se tornar um complemento natural na prevenção e no controle da asma, ao lado das terapias já utilizadas atualmente.
Tradição e ciência se encontram
Em diversas culturas, especialmente no Oriente Médio, o leite de camelo já é considerado um alimento medicinal. Sua utilização em práticas tradicionais sempre esteve ligada ao fortalecimento do sistema imunológico e ao tratamento de doenças inflamatórias. Agora, a ciência moderna começa a respaldar essas crenças com dados concretos.
Finalmente
O estudo reforça a importância de investigar alimentos funcionais e seus potenciais benefícios para a saúde.
Se os ensaios clínicos em humanos confirmarem os resultados, o leite de camelo poderá ganhar espaço não apenas como um produto nutricional, mas também como aliado no combate à asma, uma condição que impacta milhões de pessoas ao redor do mundo.
Enquanto isso, especialistas recomendam cautela: o consumo de leite de camelo não deve substituir tratamentos médicos já estabelecidos, mas sim ser visto como uma possibilidade futura de apoio complementar.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de AP Notícias e supervisão da Redação.
