A produção de leite no Rio Grande do Sul esteve no centro do debate sobre sustentabilidade e inovação durante a 48ª Expointer, realizada no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio.
O painel “Caminhos para o leite – sustentabilidade e inovação”, promovido pelo Centro de Inteligência do Agro da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (SICT), reuniu representantes da indústria, entidades e produtores rurais no último sábado (6).
A mediação foi conduzida por Denize da Rosa, CEO da Suport D Leite, que ressaltou a importância do tema diante da implementação de novas políticas públicas estaduais voltadas para a cadeia leiteira.
Segundo ela, o objetivo foi abrir espaço para que diferentes atores do setor – indústrias, técnicos, comunidades e produtores – apresentassem suas visões.
“Esse debate, no momento de novas políticas públicas, vem para fomentar e divulgar o quanto a produção de leite apresenta um grande potencial para o nosso Estado”, afirmou.
Sustentabilidade como requisito indispensável
Para Darlan Palharini, secretário executivo do Sindilat, a sustentabilidade é hoje um requisito essencial para a competitividade do leite gaúcho.
Ele destacou que a gestão responsável de recursos naturais, como água e energia, e a adoção de boas práticas na indústria e no campo já não são diferenciais, mas exigências do mercado. “Até pouco tempo, o soro era um grande passivo para o setor.
Hoje, o whey protein é altamente valorizado no consumo e um exemplo de aproveitamento tecnológico dentro da cadeia láctea”, lembrou Palharini.
A discussão também evidenciou que a sustentabilidade não se limita à produção ambientalmente correta, mas se conecta diretamente com a saúde do consumidor.
A produtora Jéssica Fachini enfatizou que práticas equilibradas entre economia, sociedade e meio ambiente resultam em um leite mais saudável, que contribui para benefícios como recuperação muscular, fortalecimento ósseo e melhor qualidade de vida.
“Nossa cartada é mostrar que sustentabilidade no campo é saúde na mesa”, destacou.
União do setor e valorização do leite
Outro ponto central do painel foi a necessidade de união entre entidades, produtores e indústria para fortalecer o setor.
Marcos Tang, presidente da Febrac, defendeu que o caminho para uma produção sólida começa pelo bem-estar animal e pelo compromisso com práticas sustentáveis. “A cadeia do leite é uma das que mais incorporam tecnologia, mas seguimos sendo alvo de críticas.
Está na hora de mostrarmos a qualidade e o valor do nosso produto, que é um dos alimentos mais completos depois do leite materno”, afirmou.
Tang também ressaltou que, embora os produtores já tenham avançado em aspectos técnicos e de manejo, ainda há um longo percurso em termos de marketing e comunicação. “O produtor já entendeu a importância da sustentabilidade, mas precisamos comunicar melhor essa evolução para a sociedade”, completou.
Inovação como motor de transformação
A presença de indústrias, técnicos e representantes do governo reforçou que a inovação é uma das principais aliadas do setor.
Desde tecnologias de reaproveitamento de subprodutos até ferramentas digitais de gestão e monitoramento da produção, o avanço tecnológico tem permitido aumentar a eficiência, reduzir impactos ambientais e abrir novos mercados para produtos derivados do leite.
O evento na Expointer mostrou que há um consenso crescente sobre a necessidade de alinhar as demandas de mercado – cada vez mais orientadas para produtos sustentáveis e saudáveis – com a realidade do produtor gaúcho, que enfrenta desafios como custos elevados, volatilidade de preços e necessidade de modernização constante.
Um futuro promissor, mas desafiador
A conclusão do painel reforçou que a cadeia láctea do Rio Grande do Sul possui um enorme potencial para se tornar referência em sustentabilidade e inovação no Brasil, mas que isso exige continuidade de políticas públicas, incentivo à pesquisa, capacitação de produtores e estratégias de comunicação mais assertivas para reconectar o setor com o consumidor.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Correio do Povo