Em tempos de informações desencontradas nas redes sociais, o leite — um dos alimentos mais antigos e presentes na alimentação humana — volta ao centro de um debate: afinal, ele faz bem ou mal para a saúde?
Para a nutricionista e professora da Estácio, Marcella Tamiozzo, a resposta é clara. “Não há evidências científicas consistentes de que o leite cause inflamações em pessoas saudáveis”, afirma.
Segundo ela, embora algumas pesquisas pontuais sugiram efeitos negativos, essas conclusões não se sustentam frente às metanálises e revisões de estudos de maior qualidade.
“A ciência atual mostra que o leite tem efeito neutro ou até protetor em relação a marcadores inflamatórios e doenças cardiovasculares”, completa a especialista, que atua nas unidades de Resende e Volta Redonda, no Rio de Janeiro.
Diretrizes internacionais recomendam o consumo diário
Marcella destaca que diretrizes de referência, como o MyPlate e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), sugerem a ingestão diária de cerca de três copos de laticínios (aproximadamente 720 ml) por adolescentes e adultos.
O consumo ideal, no entanto, deve ser adaptado à realidade de cada pessoa, variando entre dois a três copos por dia, conforme a necessidade calórica, idade e condição de saúde. “Durante a infância e adolescência, o leite é essencial para o desenvolvimento da massa óssea.
Já em adultos e idosos, contribui para a manutenção da densidade óssea, prevenção de fraturas e redução do risco de osteoporose”, explica a nutricionista.
Nutrientes essenciais e benefícios ao corpo
Além do cálcio, o leite é rico em fósforo, magnésio, potássio, vitaminas A, B12, riboflavina e zinco — nutrientes que apoiam a imunidade, as funções neuromusculares e o equilíbrio eletrolítico do organismo.
A combinação entre proteínas de alto valor biológico e minerais também favorece o ganho de massa magra, especialmente quando associada à prática de atividade física. “O leite é um alimento completo, que beneficia desde o crescimento infantil até o envelhecimento saudável”, reforça Marcella.
Qual leite escolher?
A escolha entre leite integral, semidesnatado ou desnatado deve considerar o perfil nutricional, o estilo de vida e as eventuais condições de saúde de quem o consome:
- Desnatado (0% de gordura): recomendado para quem precisa reduzir calorias ou tem doenças cardiometabólicas.
- Semidesnatado (1% a 2% de gordura): opção equilibrada entre sabor e valor nutricional.
- Integral (mais de 3,25% de gordura): indicado para quem busca maior saciedade e não possui restrições ao consumo de gordura.
Intolerância à lactose: o leite ainda pode fazer parte
Para pessoas com intolerância à lactose, o leite não precisa ser completamente excluído da dieta. A nutricionista esclarece que, muitas vezes, doses moderadas — até 12 gramas de lactose, o equivalente a um copo — podem ser bem toleradas quando consumidas com alimentos ou distribuídas ao longo do dia.
Produtos fermentados como iogurte, kefir e queijos maturados possuem menos lactose e geralmente não causam desconforto.
Outra alternativa é o consumo de versões zero lactose, enriquecidas com os mesmos nutrientes do leite tradicional. “Esses produtos são seguros, nutritivos e mantêm o sabor característico. Suplementos de lactase ou o consumo gradual também ajudam na digestão”, explica Marcella.
Conclusão: leite não é vilão
Em um cenário de desinformação crescente, o papel da ciência e dos profissionais de saúde é ainda mais relevante. “Precisamos basear as escolhas alimentares em evidências sólidas, e não em modismos. O leite, dentro de uma alimentação equilibrada, é um importante aliado da saúde ao longo da vida”, finaliza a especialista.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Diário do Vale