Leite funcional é a nova estrela da nutrição esportiva, à medida que o setor se afasta do foco exclusivo em atletas de elite e abraça o consumidor com estilo de vida ativo.
Segundo Patricia Hammond, gerente sênior de marketing da ADM, essa mudança amplia o público e abre oportunidades para inovações em bebidas lácteas funcionais, iogurtes e snacks proteicos que unem sabor e benefícios à saúde.
A busca por um estilo de vida saudável está levando os consumidores a priorizar proteínas completas e de fácil digestão.
O leite e seus derivados, como shakes prontos para beber e iogurtes, oferecem não só alto teor proteico, mas também conveniência para rotinas agitadas. “Muitos consumidores miram 30 a 40 gramas de proteína por refeição para manter a massa muscular e a saciedade”, afirma Hammond.
Proteína para todos, não só para marombeiros
O uso de proteínas em produtos lácteos já não se restringe ao público da musculação. “Exercitantes ocasionais também buscam produtos proteicos, não só na nutrição esportiva, mas no dia a dia”, aponta Juliana Hirata, gerente de vendas da BENEO.
Nesse cenário, proteínas de soro de leite continuam relevantes, mas ganham a companhia de fontes vegetais, como ervilha e arroz, que são combinadas para melhor performance e digestibilidade.
A empresa IFPC também confirma essa tendência. Jennifer Adams, diretora de tecnologia de ingredientes, destaca que os consumidores exigem rótulos limpos e baixo teor de açúcar. “Água proteica, shakes de recuperação e snacks com alto teor de proteína precisam ter sabor e funcionalidade”, diz.
Carboidratos melhores e hidratação inteligente
Junto às proteínas, cresce a valorização dos carboidratos de qualidade. “A consciência sobre o impacto da glicemia leva os consumidores a buscar produtos com menos e melhores carboidratos”, explica Hirata.
A hidratação também evolui: bebidas agora contam com eletrólitos, magnésio e outros ingredientes que otimizam o desempenho em climas quentes ou exercícios prolongados.
Saúde intestinal, sono e bem-estar integrados
Outro diferencial do leite na nutrição esportiva está na conexão entre microbiota intestinal e saúde geral. “Iogurtes com probióticos, prebióticos e pós-bióticos estão ganhando destaque por apoiarem o sistema imune, digestivo e até o sono”, afirma Hammond.
A chamada “via intestino-cérebro” tem mostrado evidências clínicas de que o equilíbrio intestinal pode reduzir o estresse e melhorar a qualidade do sono — fatores chave na recuperação esportiva.
O sabor continua sendo rei
Conciliar alto teor de proteína com sabor agradável ainda é um desafio. “Mais proteína pode afetar viscosidade e paladar. Nosso time de aplicações ajuda a resolver isso com texturizantes e agentes de mascaramento”, diz Adams, da IFPC.
Solubilidade, estabilidade e dispersão são cruciais, especialmente em produtos prontos para beber.
Segundo Regina Draper, da Cargill, a hidratação das proteínas e o pH da bebida influenciam diretamente a estabilidade e o sabor. Soluções como o adoçante EverSweet (estevia + sabor natural ClearFlo) surgem como alternativas para formulações com pouco ou nenhum açúcar adicionado.
Tendências de sabores e novos públicos
As tendências de sabor também invadem a nutrição esportiva: pistache com chocolate, caramelo salgado e até “swicy” — uma mistura de doce e picante como o hot honey — estão entre as apostas. Há também espaço para sabores com apelo funcional, como yuzu, camu camu e grapefruit, associados a benefícios energéticos e imunológicos.
O futuro do setor passa pela personalização. Bret Barhoover, da Cargill, aponta que menos de 5% dos produtos são voltados especificamente para mulheres, apesar da crescente participação feminina em atividades físicas. A categoria também deve atender melhor aos idosos, com foco em recuperação muscular e saúde articular.
Entre a academia e o supermercado
A divisão entre nutrição esportiva e bem-estar está cada vez mais tênue. Produtos que antes se limitavam às gôndolas fitness agora ocupam espaço no supermercado e no café da manhã de famílias ativas.
E com a ascensão do “faça você mesmo” — usando sucos, mel e sais — até o consumidor doméstico se transforma em formulador. Para as indústrias lácteas, o recado é claro: o leite, se funcional, saboroso e versátil, tem um mundo novo a conquistar.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Dairy Foods