Produção de leite no Rio Grande do Norte quase dobrou em quatro anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) de 2024 mostra que o setor saiu de R$ 538 milhões em 2020 para R$ 981 milhões no ano passado, um crescimento expressivo que reforça o papel do estado no mapa lácteo do Nordeste.
De acordo com o IBGE, em volume, o avanço mais recente foi de 2,4% na comparação entre 2023 e 2024, totalizando 394,5 milhões de litros.
A média registrada é de 1,09 milhão de litros de leite por dia. Esses números colocam o Rio Grande do Norte em patamar semelhante ao de estados como Pará, Tocantins, Alagoas e Rio de Janeiro. No ranking regional, o estado supera o Maranhão, o Piauí e a Paraíba.
Municípios em destaque
A liderança da produção potiguar está no Seridó. Caicó aparece como o maior produtor, com 41 milhões de litros anuais. Outras cidades da região também se destacam, reforçando o perfil leiteiro do território.
Municípios do Oeste, como Mossoró; do Agreste, como Nova Cruz; e da Região Metropolitana, como Ceará-Mirim, também aparecem com volumes relevantes, diversificando o mapa produtivo do estado.
Avanço nacional
No cenário brasileiro, a PPM 2024 indicou valor de produção de R$ 132,8 bilhões, crescimento de 8,8% frente a 2023. Em termos de volume, o país chegou a 35,7 bilhões de litros.
A região Nordeste se consolidou em terceiro lugar, com participação de 18% no total nacional. Foram 6,4 bilhões de litros produzidos em 2024, o que representa um avanço de 4,5% em relação ao ano anterior.
O IBGE destaca que o Nordeste vem apresentando crescimento contínuo desde 2017, em contraste com outras regiões que enfrentam oscilações mais marcantes na produção de leite. Essa tendência reforça o peso crescente da atividade na economia regional.
Importância para o Rio Grande do Norte
Para o Rio Grande do Norte, os dados representam um salto histórico.
Em quatro anos, o valor da produção de leite aumentou em quase 82%, movimento que pode ser explicado por fatores como a expansão da atividade no interior, investimentos em genética e sanidade animal, além de melhorias logísticas que favorecem o escoamento da produção.
O leite é uma das principais cadeias agropecuárias do estado, gerando renda e empregos em diversas regiões, especialmente em pequenas propriedades. A produção tem impacto direto sobre a economia rural, fortalecendo também indústrias locais de laticínios e cooperativas.
Comparação com outros estados
Apesar do crescimento, o Rio Grande do Norte ainda não figura entre os maiores produtores nacionais. Minas Gerais, Goiás e Paraná seguem liderando com ampla vantagem.
No entanto, o avanço potiguar chama atenção porque demonstra resiliência em um setor desafiado por custos elevados de insumos, variações climáticas e oscilações de preços pagos ao produtor.
Enquanto alguns estados registraram retrações em determinados períodos, o RN manteve trajetória ascendente, ainda que em ritmo mais moderado em 2024. Esse desempenho o coloca em posição estratégica no mercado regional e contribui para diversificar a oferta nacional de leite.
O papel do Seridó
A região do Seridó, tradicionalmente associada à pecuária leiteira, consolida-se como polo central dessa expansão. A presença de produtores organizados, programas de assistência técnica e iniciativas de convivência com o semiárido têm possibilitado ganhos de produtividade mesmo em áreas desafiadas pela irregularidade das chuvas.
Municípios como Caicó demonstram a capacidade de combinar tradição e modernização na produção láctea.
Perspectivas
Segundo analistas consultados pelo IBGE, a tendência de crescimento deve se manter, desde que políticas públicas de apoio à pecuária leiteira continuem priorizando crédito, infraestrutura e acesso a mercados.
Além disso, o fortalecimento das cooperativas e a integração entre produtores e indústrias são apontados como fatores-chave para ampliar a competitividade.
Para os produtores, o desafio permanece na rentabilidade: o aumento da produção precisa estar acompanhado de preços justos e de um mercado consumidor fortalecido, tanto no estado quanto na região Nordeste. O consumo per capita de lácteos no Brasil ainda apresenta espaço para crescimento, o que abre oportunidades para a cadeia.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de O POTI