Segundo o levantamento feito por pecuarista, estiagem é a pior em mais de 30 anos e pode aumentar os custos da pecuária leiteira

Segundo o levantamento feito por pecuarista, estiagem é a pior em mais de 30 anos e pode aumentar os custos da pecuária leiteira

Um levantamento realizado pelo criador João Lemke, de São Lourenço do Sul (RS), mostrou como a estiagem tem danificado a propriedade e como afetou a produção da alimentação do gado leiteiro. Checando os registros de uma planilha, a qual preenche desde 1989 com os índices pluviométricos, ele constatou que a seca na região foi a pior desde o início das medições.

A precipitação pluviométrica medida pelo produtor, entre novembro de 2019 e abril de 2020, chegou a apenas 313 milímetros, média de 32,2 milímetros por mês e 1,72 milímetros por dia.

“Trabalhamos com gado semiconfinado e a alimentação é com silagem de milho. Fizemos muito feno, a produção caiu pela metade”, conta Lemke.

O produtor também afirma que a dificuldade inclusive veio na reposição do pasto para a alimentação do gado leiteiro. “A estiagem atingiu a ressemeadura de azevém, comum da nossa região e na nossa propriedade. Neste ano não conseguimos produzir nada até agora e normalmente estaríamos fazendo a segunda ou terceira passagem de azevém. Quase que o mês de maio entrou nesta estatística, pois foi só chover dia 21”, ressalta.

Prejuízos nos próximos anos

Para o presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, os dados levantados por Lemke mostram a difícil situação que a estiagem trará na produção de leite para os próximos anos no que diz respeito à atividade.

“O nosso prejuízo com a estiagem não é imediato, é um prejuízo de mais de um ano. Muitas terneiras e novilhas que seriam criadas terão que ser vendidas ou até abatidas porque o produtor de leite não tem alimento suficiente para poder criá-las. Além disso, poderá ter que reduzir seu rebanho das vacas em lactação”, destaca Tang.

O presidente da Gadolando avalia os custos de produção do produtor e lembra que isso pode impactar o mercado. “Se o produtor quiser manter o seu plantel, ele terá que comprar e isto aumentará este custo. Como todo o Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina tiveram problemas, o produtor terá que comprar de outros lugares ou achar alternativa”, diz.

Como solução, Marcos Tang enfatiza que é necessária a redução de impostos neste momento para amenizar os impactos da estiagem junto aos criadores de gado leiteiro.

“Não pedimos empréstimos, mas sim a redução de impostos tornando o produto mais acessível. Produtos que nós da cadeia leiteira necessitamos, pois precisamos agora nos abastecer de sementes e adubos e estes não têm seus preços freados por estiagem. Este custo está muito alto pelo que recebemos pelo leite”, salienta.

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