ESPMEXENGBRAIND
25 nov 2025
ESPMEXENGBRAIND
25 nov 2025
Dados do Cepea/USP mostram que o leite acumula seis meses de queda, puxado por um mercado saturado e custos que não param de subir.
📉 Leite em queda: preço ao produtor despenca 4,2% em setembro
📉 Leite em queda: preço ao produtor despenca 4,2% em setembro

O preço do leite cru pago ao produtor no Brasil registrou queda de 4,2% em setembro de 2025, em relação a agosto, marcando a sexta retração consecutiva, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), de Piracicaba (SP). A palavra-chave “preço do leite” segue no centro das atenções, com o setor enfrentando o impacto direto de uma oferta elevada e um mercado interno saturado.

Especialistas do Cepea apontam que a tendência de desvalorização deve se manter até o final de 2025, resultado do aumento expressivo da produção e do alto volume de importações, que ampliam a concorrência e pressionam o valor do litro pago ao produtor.

📈 Produção em alta e safra favorável

De acordo com o Cepea, a produção nacional cresceu 5,8% entre agosto e setembro, refletida no Índice de Captação de Leite (ICAP-L), que acumula alta de 12,2% no ano. Esse aumento é explicado pela recuperação das margens em 2024, o que estimulou investimentos em tecnologia e alimentação do rebanho. A sazonalidade da primavera e do verão também favorece a pastagem, ampliando naturalmente o volume produzido.

O cenário, no entanto, gera desequilíbrio entre oferta e demanda, principalmente porque o consumo interno não acompanhou o crescimento da captação. Com mais leite no mercado, os preços seguem sob forte pressão.

🌍 Importações crescem e exportações não compensam

O Brasil importou 198,1 milhões de litros em equivalente leite em setembro, um aumento de 20% em relação ao mês anterior, sendo 80% do volume de leite em pó. As exportações, apesar de um avanço de 11%, ainda são insuficientes para absorver o excedente doméstico. O resultado é um mercado saturado, com estoques elevados e margens cada vez mais estreitas para produtores e indústrias.

Entre janeiro e setembro de 2025, as importações acumulam recuo de 4,8%, mas as exportações despencaram 36,7% no mesmo período, totalizando 52,9 milhões de litros.

💰 Queda real de 19% em um ano

O preço médio do leite nas principais regiões produtoras fechou em R$ 2,4410 por litro em setembro, o que representa uma queda real de 19% em comparação a 2024. Essa retração tem reflexos diretos na rentabilidade do produtor, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde a safra das águas está começando.

Segundo analistas, as quedas consecutivas podem frear o ritmo de produção nos próximos meses, mas o excesso de oferta deve persistir, ainda que em ritmo mais lento.

🧈 Derivados também sentem o impacto

A desvalorização do leite cru impactou toda a cadeia de derivados. No atacado paulista, o preço do leite UHT caiu 2,87%, o da muçarela recuou 2,08% e o leite em pó 1,66%. A redução no valor do produto final reforça a dificuldade de recompor margens, tanto para as indústrias quanto para o produtor rural.

🧾 Custos altos e poder de compra em queda

Mesmo com uma leve redução de 0,9% no Custo Operacional Efetivo (COE) em setembro, a baixa não foi suficiente para compensar a perda de receita. O aumento nos preços de grãos e suplementos nutricionais piorou o poder de compra: foram necessários 26,5 litros de leite para adquirir um saco de 60 kg de milho, uma alta de 5,4% frente a agosto.

A pressão dos custos, somada ao preço em queda, estreita as margens e gera apreensão no campo. Para muitos produtores, o cenário atual exige estratégias de eficiência e contenção de gastos para atravessar o período de baixa.

🔮 Perspectivas até o fim de 2025

Segundo o levantamento do Cepea/USP, o valor do leite ao produtor chegou a subir 18% no início de 2025, impulsionado pela disputa entre laticínios por matéria-prima. No entanto, essa valorização foi temporária, e a segunda metade do ano trouxe uma virada negativa.

Os analistas projetam que a pressão de baixa continuará, embora a produção possa desacelerar levemente nos próximos meses, à medida que o setor se ajusta. A expectativa é que o mercado só volte a encontrar equilíbrio no primeiro trimestre de 2026.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Diário do Povo

Te puede interesar

Notas Relacionadas