ESPMEXENGBRAIND
25 ago 2025
ESPMEXENGBRAIND
25 ago 2025
Nova regra federal encerra produção familiar de leite tipo A em Estrela e ameaça renda, empregos e merenda escolar.
Fim do leite tipo A em saquinhos: norma pesa no bolso das famílias 🛑
Fim do leite tipo A em saquinhos: norma pesa no bolso das famílias 🛑

A produção de leite tipo A em saquinhos chegou ao fim em Estrela, Rio Grande do Sul, após quase três décadas de tradição.

Segundo informações apuradas por Daniély Schwambach, o encerramento não decorre de escolha comercial, mas do prazo final para cumprimento de uma norma federal que exige homogeneizadores industriais.

O equipamento, avaliado em torno de R$ 250 mil, é considerado inviável para agroindústrias familiares, como a Estrelat, responsável pelo fornecimento local.

Impacto direto na produção e na merenda escolar

Com a suspensão, deixam de ser comercializados mensalmente entre 8 mil e 9 mil litros de leite em saquinhos, dos quais cerca de 2 mil litros eram destinados às escolas municipais e entidades assistenciais de Estrela.

A produção atendia diretamente a merenda escolar, reforçando sua importância na alimentação de crianças da região.

Fundada em 1997, a Estrelat é a única agroindústria familiar a produzir leite tipo A no município. O negócio, que começou com o tradicional “litrão” e evoluiu para o tipo B em 2007 e tipo A em 2019, enfrenta agora uma queda prevista de até 50% no faturamento e risco de desemprego entre entregadores e colaboradores.

“São anos de dedicação. Dói encerrar uma produção que acompanhou gerações de famílias. Muitas mães que conheço criaram os filhos com esse leite”, lamenta Eliana Beatriz Lenhard de Oliveira, sócia da empresa, que atua no setor há 29 anos.

Custo da norma e consequências ao consumidor

A nova exigência busca homogeneizar a gordura do leite, impedindo a formação de nata, mas para pequenos produtores como Roberto de Oliveira, também da Estrelat, isso fere a essência do produto:

“Nosso foco sempre foi o leite mais puro possível. A cada etapa a mais, sentimos que a qualidade se deteriora em vez de melhorar.”

Com a interrupção, consumidores habituados ao formato em saquinhos terão de migrar para outras embalagens, e o preço médio, antes entre R$ 4,40 e R$ 5, pode sofrer alterações devido aos custos de adaptação. Além disso, parte do volume que abastecia diretamente Estrela e Lajeado pode deixar de circular no mercado local.

Pequenos x grandes: a crítica à legislação

Os produtores questionam a falta de diferenciação entre modelos de produção:
“Colocar todos na mesma regra é injusto. Se for aplicada de forma rígida, só os grandes grupos vão resistir, e quem perde é o consumidor”, afirma Oliveira.

A situação expõe um dilema frequente na cadeia láctea brasileira: a pressão regulatória que visa padronizar a qualidade pode acabar restringindo a competitividade de agroindústrias menores, especialmente no segmento de leite tipo A, que exige maior controle sanitário.

Futuro incerto para a produção local

Enquanto as últimas unidades de leite tipo A em saquinhos ainda circulam no comércio regional, o futuro da Estrelat permanece indefinido. Sem recursos para investir no homogeneizador, a empresa busca alternativas para manter-se ativa em um mercado cada vez mais exigente.

Para a comunidade, o encerramento significa não apenas o fim de uma tradição de quase 30 anos, mas também a perda de um produto que fazia parte da rotina alimentar e da economia local.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de Grupo A Hora

Te puede interesar

Notas Relacionadas