Em agosto, a categoria acumulou alta anual de 60,81% nos preços, segundo os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
No entanto, os valores estão arrefecendo: a prévia da inflação mostra uma queda de 5,08% dos laticínios em setembro, puxado pelo leite longa vida, que caiu 12,01%.
De acordo com o Centro de Inteligência do Leite da Embrapa, no mercado atacadista, a queda do produto foi ainda maior, de -23,5% em agosto.
Nas altas e baixas do leite
A forte pressão sobre o preço do leite e seus derivados foi motivada por vários fatores. Um deles foi o período de entressafra, que ocorre nos meses de outono/inverno, quando há menos pasto para o rebanho. Com isso, a tendência é de um maior gasto com ração e declínio da produção.
Esse é um fator já conhecido pelo mercado. O problema é que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia encareceu os fertilizantes, combustíveis e commodities agrícolas, que pressionaram ainda mais o custo. Também é importante considerar a alta do dólar na composição do preço.
Agora, o cenário é outro: com a chegada da primavera no Brasil, já é possível perceber um aumento na produção.
“O spot [diferença entre compra e venda] registrou queda de 37,6% no preço praticado em agosto, fechando a segunda quinzena a R$ 2,83 o litro”, afirma Glauco Carvalho, pesquisador da Embrapa. “Isso sinaliza uma rápida mudança de tendência em relação aos últimos meses, demonstrando que começou a haver maior quantidade da matéria-prima disponível na indústria”.
Os produtores também investiram mais na alimentação do rebanho e as vacas responderam com maior volume de leite.
Outro fator que puxa os preços do leite para baixo é a queda na procura pelo produto por parte do consumidor. “A inflação comprometeu o poder de compra dos salários e impôs dificuldades para o mercado assimilar o aumento dos preços, o que causou redução significativa da demanda”, afirma Carvalho.