A Mondelez International reportou um crescimento de 3,4% na receita líquida orgânica, alcançando US$ 9,74 bilhões no terceiro trimestre de 2025, mas enfrentou uma queda de 21,3% no lucro bruto ajustado, reflexo direto do aumento histórico do preço do cacau. A informação foi divulgada pela companhia nesta terça-feira (28).
O custo do cacau, que atingiu níveis recordes ao longo de 2025, foi o principal vilão do desempenho financeiro. Mesmo com um reajuste médio de 8% nos preços de seus produtos, o volume total vendido caiu 4,6%, mostrando que a elasticidade do consumo começou a pesar em alguns mercados.
Chocolate cresce, mas margens encolhem
O segmento de chocolates, tradicional carro-chefe da empresa, foi o que mais se destacou, com alta de 8,2% nas receitas orgânicas. Esse crescimento foi sustentado por reajustes de preços e forte demanda em mercados emergentes, especialmente na América Latina e na Ásia.
Por outro lado, a divisão de biscoitos e snacks assados avançou apenas 1,2%, refletindo um consumo mais fraco nos Estados Unidos, onde a inflação e as taxas de juros elevadas seguem pressionando o poder de compra das famílias.
A empresa informou que, mesmo em um contexto global desafiador, cerca de 70% de suas categorias de produtos ganharam ou mantiveram participação de mercado no acumulado do ano — uma demonstração de força de marca e eficiência em execução.
América Latina lidera o crescimento
A América Latina foi a região com melhor desempenho, com alta de 4,7% nas receitas. O avanço foi impulsionado por mercados como Brasil e México, que se consolidaram como pilares estratégicos da companhia. Em seguida vieram Ásia, Oriente Médio e África (5%) e Europa (4%), enquanto a América do Norte registrou leve retração de 0,3%.
Apesar da queda de margens, a empresa destacou o crescimento contínuo das marcas locais e o investimento em inovação e portfólio premium. No Brasil, por exemplo, a Mondelez segue expandindo sua atuação em categorias de snacks assados, com o lançamento de 7Days, marca que reforça sua estratégia de diversificação.
Projeções para 2025 e além
Diante dos resultados, a Mondelez revisou suas projeções para o ano fiscal de 2025. A expectativa agora é de crescimento orgânico de receita acima de 4%, mas uma queda de cerca de 15% no lucro por ação ajustado, em base cambial constante.
Ainda assim, a companhia mantém um tom otimista. O grupo prevê gerar mais de US$ 3 bilhões em fluxo de caixa livre neste ano e já projeta uma recuperação do lucro por ação em 2026, apoiada na recente queda dos preços do cacau observada nas últimas semanas.
Entre tradição e adaptação
Com mais de um século de história, a Mondelez — dona de marcas icônicas como Oreo, Milka, Lacta e Trident — enfrenta agora um cenário que testa seu equilíbrio entre tradição e adaptação. O desafio é manter margens saudáveis sem comprometer a acessibilidade ao consumidor, num contexto de insumos caros e mudanças de hábitos alimentares.
A estratégia da empresa combina inovação, eficiência e foco regionalizado, ajustando preços e portfólio conforme a dinâmica de cada mercado. Em países da América Latina, a aposta tem sido reforçar a presença de produtos de valor agregado, enquanto em mercados maduros, o foco é em produtividade e otimização de custos.
Perspectiva: um 2026 mais doce
Embora o 3T25 tenha deixado um sabor amargo nos resultados, a Mondelez aposta em um cenário mais favorável em 2026, com a normalização dos preços do cacau e a recuperação gradual do consumo global.
A empresa segue como referência mundial em alimentos e snacks, mostrando que mesmo em tempos de pressão de custos, marcas sólidas e gestão eficiente podem sustentar crescimento — ainda que com margens mais apertadas.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de SuperVarejo






