O preço de referência do leite no Rio Grande do Sul estimado para o mês de outubro é de R$ 1,0609, 3,47% abaixo do consolidado de setembro (R$ 1,0991). De acordo com dados divulgados nesta terça-feira 22 pelo Conseleite, a tendência reflete o período de safra, mas está mais amena em 2019 em relação a anos anteriores.
Ainda segundo Conseleite, a redução pontual da pesquisa de outubro foi puxada pela diminuição do leite UHT, carro chefe do mix do estado, mas teve compensação parcial com a alta do leite em pó.
A tendência de mercado é de estabilidade, assinala o Conseleite em nota, uma vez que o volume de captação começa a ter redução com a diminuição da produção no campo nas próximas semanas.
“Em 2019, o UHT apresentou estabilidade. Diferentemente de outros anos, quando se registrou variações bruscas no preço, a curva do ano indica quedas e elevações suaves no preço do UHT”, disse o professor da UPF Eduardo Finamore, responsável pelo estudo.
A reunião do Conseleite foi realizada na sede da Farsul, em Porto Alegre.
Mudança de hábitos de consumo
Segundo o presidente do Conseleite e do Sindilat, Alexandre Guerra, os números refletem uma mudança nos hábitos de consumo do brasileiro em um ano de crise e falta de recursos na economia. “As famílias estão buscando preço porque a crise impactou em cheio o poder de consumo”.
Além disso, justificou ele, o que se viu em 2019 foi um aumento das vendas no atacado em detrimento do varejo, principalmente entre as classes A e B, que também estão buscando adquirir leite e outros alimentos básicos a preços mais competitivos. “Isso impacta o comércio e traz reflexo direto no setor industrial e no produtor porque estamos em um mesmo mercado. Os movimentos do consumidor interferem em todos os elos”.
IN 76 e 77
Durante a reunião, as entidades que integram o Conseleite ainda debateram o impacto das Instruções Normativas 76 e 77 no campo, principalmente com os resultados de médias geométricas de CBT, que já limitam a captação do leite de alguns produtores gaúchos.
O colegiado entende que é preciso realizar alguns ajustes de metodologia que estimulem os produtores a seguir melhorando. “Em alguns casos, não valoriza o esforço que vem sendo feito no campo”, pontuou o gerente técnico adjunto da Emater/RS-Ascar, Jaime Ries, que apresentou casos concretos de distorções que vêm ocorrendo.