A Lactalis, maior grupo lácteo do mundo, e pesquisadores e analistas da Embrapa anunciaram interesse em parceria para enfrentar os principais gargalos da produção de leite no Brasil: produtividade, qualidade, sanidade e produção responsável, durante uma live.
Segundo Armindo Neto, responsável pela captação de leite da Lactalis, a soma dos esforços das instituições pode fazer com que o país se torne exportador de lácteos. “A Lactalis tem a pretensão de transformar o Brasil em hub de exportação para toda a América Latina”, diz Neto.
Paulo do Carmo Martins, chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, afirma que a Lactalis, responsável pela captação de 20,1 bilhões de leites no mundo, está se tornando, rapidamente, um dos maiores conglomerados de produção de lácteos do Brasil.
“Embora o nome ‘Lactalis” seja pouco conhecido pelo consumidor, a empresa é responsável por marcas tradicionais como Itambé, Parmalat, Cotochês, Batavo, Elegê, Poços de Caldas, Du Bom, Boa Nata e Presidente, possuindo grande capilaridade na pecuária de leite nacional”, diz.
Ainda segundo Martins, a parceria entre as instituições terá como objetivo o treinamento de técnicos e a realização de palestras a produtores, além do desenvolvimento de conhecimento em conjunto.
“Entre outros temas, iremos focar no bem-estar animal e em questões ambientais, sob a ótica do ‘ESG’, garantindo as boas práticas de produção que assegurem cuidados com o meio ambiente e com a sociedade”, diz Martins.
“ESG” é a sigla em inglês para Environmental, Social and Corporate Governance. Traduzida como governança ambiental, social e corporativa, refere-se aos três fatores centrais na medição da sustentabilidade e do impacto social de um investimento ou negócio.
A análise desses critérios ajuda a determinar melhor o desempenho futuro das empresas.
Parceria
Neto apresentou aos pesquisadores e analistas da Embrapa alguns projetos de incentivo ao produtor adotados na empresa, cuja participação da Embrapa seria oportuna:
– Pro Leite – programa de acompanhamento do custo de produção nas fazendas;
– Pro Quali – pagamento do leite por qualidade, com visitas a campo para melhoria dos resultados;
– Mais Leite – programa de incentivo ao aumento da produção via bonificação extra do leite;
– Meio Ambiente – produção com redução na emissão de CO2;
– Bem-estar Animal – adoção de boas práticas e programas de certificação nas propriedades;
– Reciclagem – Logística reversa de embalagens.
Global e Local
Maior grupo de lácteos do mundo, a Lactalis tem 47% de participação no mercado europeu, 24% nas Américas, 13% na África e 16% na Oceania. No entanto, é definida por Neto como uma empresa “glocal” (global + local).
“Somos um grupo internacional que leva em conta as realidades locais”, afirma. Um exemplo disso é que não existe nenhuma marca de lácteos com o nome Lactalis. Quando o grupo adquire um laticínio, preserva sua marca, como aconteceu com a Itambé, Poços de Caldas, Cotochês etc, no Brasil.
Empresa familiar, foi fundada a 85 anos na França, tornando-se a “Número 1” em queijos naquele país. Seu primeiro produto foi a linha de queijos “Président”, vendida hoje em 160 países.
A empresa preserva sua tradição queijeira, com os queijos sendo responsáveis por 35% do faturamento. Neto afirma que os produtos feitos no Brasil têm potencial de exportação para toda a América Latina.
Ele conclui afirmando que a ambição da Lactalis é desenvolver a vocação exportadora para os lácteos brasileiros, aproveitando o potencial do parque fabril nacional, o amplo portfólio e a força das marcas.