Mato Grosso atingirá, no próximo dia 29 de maio, o mais alto status sanitário concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA): o de zona livre de febre aftosa sem vacinação.
O reconhecimento será oficializado durante a 92ª Assembleia Mundial da entidade, em Paris, com a presença de delegações de mais de 180 países.
Após mais de quatro décadas de combate à doença, o Estado celebra um marco histórico na defesa agropecuária. A jornada teve início na década de 1970, quando a febre aftosa representava uma ameaça constante ao rebanho.
O último foco foi registrado em 1996. Em 2001, Mato Grosso conquistou o status de zona livre com vacinação. Hoje, com 33 milhões de bovinos — o maior rebanho do Brasil, segundo o Indea — o Estado dá um passo decisivo rumo à ampliação de mercados internacionais.
O feito é retratado no livro “Adeus ao Vírus – Erradicação da Febre Aftosa: a participação de Mato Grosso na maior epopeia veterinária das Américas”, dos jornalistas Martha Medeiros e Sérgio Oliveira.
Qualidade
Para o governador Mauro Mendes, a certificação reafirma a qualidade da produção pecuária do Estado e a articulação eficiente entre o setor produtivo e o poder público.
“Essa conquista mostra que o produtor mato-grossense é competitivo. É uma grande vitória para o nosso Estado e para o agronegócio”, afirmou.
O gerente executivo do FESA-MT, Juliano Latorraca Ponce, destaca que a certificação sem vacinação eleva a competitividade do Estado e impulsiona novos investimentos.
“Vamos acessar mercados mais exigentes, com valorização maior do nosso rebanho bovino e suíno. O FESA seguirá como pilar estratégico na vigilância sanitária”, disse.
Na avaliação do secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, o reconhecimento abre portas importantes para as exportações.
“Vamos acessar países como Japão e Coreia do Sul, que exigem status sanitário livre sem vacinação. Ganhamos competitividade tanto na bovinocultura quanto na suinocultura”, afirmou.
Impactos
Já o secretário de Estado de Fazenda, Rogério Gallo, projeta impactos positivos diretos na economia.
“A certificação ampliará as exportações, ajudando a estabilizar preços e garantindo melhor renda a pecuaristas e suinocultores”, avaliou.
A presidente do Indea, Emanuele Almeida, lembra que, até então, apenas quatro municípios da divisa com Rondônia possuíam esse status.
“Agora, é todo o território estadual. Um sonho realizado, fruto de décadas de trabalho técnico e institucional.”
A médica veterinária Ana Schmidt, responsável pelo programa de vigilância da febre aftosa no Indea, reforça que, com o fim da vacinação, a atenção deve ser ainda maior.
“A vigilância ativa e a eficiência nas notificações serão fundamentais para manter o status alcançado”, pontuou.
Em 2023, Mato Grosso exportou US$ 2,1 bilhões em carne bovina, com a Ásia como principal destino, segundo a Abiec. A nova certificação deve fortalecer ainda mais o desempenho internacional e consolidar o Estado como referência sanitária no agronegócio global.
Uma comitiva liderada pelo vice-governador Otaviano Pivetta embarca para a França para participar da Assembleia da OMSA.
Estarão presentes representantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), do Indea, da Acrimat, da Famato, da Acrismat, do FESA-MT, do Imac e produtores rurais. O evento acontece de 25 a 29 de maio e encerrará com a entrega oficial da certificação.