A estiagem continua causando efeitos adversos na agropecuária do Rio Grande do Sul, desde a divulgação do último boletim, ocorreram precipitações em todas a regiões administrativas da Emater/RS-Ascar, no entanto, estas se deram de forma irregular, e com baixos volumes em alguns locais. Ainda, salienta-se que o período foi marcado por temperaturas elevadas, fato que agrava os efeitos do déficit hídrico nos cultivos e causa maior desconforto térmico nos animais.
Atualmente, já são mais de nove mil localidades e mais de 253 mil propriedades atingidas pelos efeitos da estiagem no Estado, além de cerca de 21 mil famílias com dificuldades ao acesso à água. O cultivo de milho possui o maior número de produtores atingidos, são quase 93 mil produtores com perdas na sua produção, salienta-se ainda o expressivo número de produtores de soja, cerca de 82 mil, com redução na produtividade estimada no inicio da safra 2021-2022.
As lavouras de milho das regiões administrativas de Erechim, Frederico Westphalen, Ijuí, Passo Fundo, Santa Rosa e Soledade sofreram os maiores impactos da estiagem, com perdas médias que podem chegar a 65% da produção inicialmente estimada. Relata-se o agravemento das perdas em todo os Estado, e enfatiza-se a região de Frederico Westphalen no qual a perda média de produtividade já é superior aos 65%.
A condição de déficit hídrico continua comprometendo a produtividade e a qualidade do cultivo de milho destinado à confecção de silagem, nas últimas semanas se deu um incremento das perdas nas regionais de Caxias do Sul, Soledade, Santa Maria, Bagé e Pelotas. De forma geral as perdas variam de 16,2% na regional de Porto Alegre até 65% na regional de Ijuí.
O cultivo de soja continua sendo impactado pelos efeitos da estiagem, as perdas no território gaúcho se intensificaram desde o último boletim informativo. Atualmente as perdas médias de produtividade vão de 25% a 45% na maioria das regiões, no entanto, observa-se, na região de Santa Rosa, redução média superior a 45% do estimado inicialmente.
A redução da produção de feijão no Estado, varia de 5% a 95%, dependendo do local onde a lavoura está implantada, as maiores perdas médias, de mais de 60% da expectativa inicial, estão localizadas na regional de Ijuí. Salienta-se que nas últimas semanas, em função da estiagem, houve um acréscimo dos danos no cultivo nas regiões de Pelotas, Bagé e Erechim.
O primeiro Boletim da Emater/RS-Ascar indica redução de aproximadamente 644 mil toneladas na produção de frutas e de quase 19 mil toneladas na produção de olerícolas, em função das precipitações irregulares e das altas temperaturas no período, houve incremento nas perdas, sendo que atualmente a redução estimada na produção de frutas é de cerca de 750 mil toneladas e nas olerícolas é de 75 mil toneladas.
A estiagem afeta com maior intensidade 27.289 estabelecimentos produtores de leite no RS, onde se estima uma perda média na produção diária de leite da ordem de 82,5 litros por propriedade. Dessa forma, a redução na produção diária de leite no Estado é de aproximadamente 2,2 milhões de litros. A menor oferta de pastagens para os rebanhos, com a consequente necessidade de adquirir maior quantidade de alimentos de fora da propriedade, agrava a crise enfrentada pelos produtores.
As pastagens nativas, que se constituem na base alimentar para a bovinocultura de corte, a ovinocultura e a equideocultura, estão sendo duramente afetadas, com perdas significativas na produção de massa verde em cerca de 60% da área. O maior prejuízo da estiagem, no entanto, ainda decorre dos prejuízos da perda de produção observada em 2/3 da área cultivada com pastagens anuais de verão, destinadas ao rebanho leiteiro.
A Emater/RS vem acompanhando a situação de agravamento da estiagem nos 497 municípios do RS e o impacto na produção de grãos, fruticultura, olericultura, pecuária de corte e de leite e no abastecimento de água para consumo humano e animal nos estabelecimentos agropecuários.
Até a primeira quinzena de dezembro de 2021, os efeitos da estiagem nas atividades agrícolas foram maiores nas regiões administrativas da Emater/RS-Ascar de Ijuí, Frederico Westphalen e Santa Rosa. A partir de então, os efeitos da estiagem avançam nas demais regiões do Estado.
Os dados que foram obtidos a partir de informações dos extensionistas rurais das 12 regiões administrativas, em diferentes unidades operativas institucionais, servem especialmente, como base para tomada de decisão dos gestores públicos na definição de políticas públicas emergenciais para o atendimento das demandas dos produtores afetados pela estiagem.