Pesquisadores da Universidade CEU Cardenal Herrera (CEU UCH) de Valência, em colaboração com o Centro Nacional de Biotecnologia do CSIC de Madri (CNB-CSIC), publicaram um estudo na revista científica Microbes and Infection que avança na descrição do crescimento e dos padrões proteômicos da Listeria monocytogenes no leite e em seus derivados.
Esse patógeno de origem alimentar causa infecções invasivas graves em humanos e animais, chamadas de listeriose. Quando a infecção atravessa a barreira intestinal e passa para o sangue, ela pode causar septicemia e atingir o cérebro e, no caso de mulheres grávidas, a placenta, afetando o feto.
De acordo com o pesquisador Ramón y Cajal da CEU UCH, Juan José Quereda, chefe da equipe de pesquisa, “os produtos lácteos estão associados a aproximadamente metade dos surtos de listeriose relatados na Europa e nos Estados Unidos.
Os chamados isolados hipervirulentos de Listeria monocytogenes são aqueles associados a casos clínicos e formas mais invasivas de listeriose, enquanto os isolados hipovirulentos são mais prevalentes nas indústrias alimentícias e sua capacidade infecciosa no hospedeiro é menor, podendo afetar pessoas menos imunossuprimidas ou com outros fatores de risco derivados de seu estado de saúde ou idade”.
CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO E AGENTES ANTIBACTERIANOS
Nesse estudo, a equipe de pesquisa da CEU UCH concentrou-se em decifrar se a super-representação de isolados hipervirulentos em produtos lácteos é consequência de uma vantagem de crescimento desses isolados nesse tipo de produto.
“Nossos resultados indicam que não há vantagem de crescimento dos isolados hipervirulentos no leite a 4°C, a temperatura usual de armazenamento desses alimentos em refrigeradores. São os isolados hipovirulentos de Listeria monocytogenes, ou seja, os menos perigosos, que apresentaram melhor crescimento no leite”, diz a pesquisadora Alba Espí Malillos, membro da equipe que trabalha em sua tese de doutorado nessa área.
Esses dados também confirmam a importância de não quebrar a cadeia de frio na conservação de produtos lácteos e de manter a temperatura ideal de conservação para evitar a proliferação da bactéria.
O segundo objetivo dessa pesquisa da CEU UCH, realizada pela pesquisadora Carla Palacios Gorba em colaboração com o CNB-CSIC de Madri, concentrou-se na identificação, por meio de análise proteômica, de proteínas superexpressas por isolados hiper e hipovirulentos de Listeria monocytogenes e ausentes em eucariotos, que poderiam ser o alvo de novos agentes antibacterianos para restringir o crescimento de Listeria monocytogenes em produtos lácteos.
O pesquisador Espí Malillos destaca que “entender como os isolados hipervirulentos de Listeria monocytogenes contaminam os produtos lácteos pode ser fundamental para projetar estratégias de controle de infecção mais eficazes e, assim, reduzir os casos de listeriose. Com nossos resultados, podemos contribuir para abrir novos caminhos para o desenvolvimento de agentes antibacterianos eficazes para reduzir os surtos de listeriose”.
EQUIPE DE PESQUISA
O estudo desenvolvido pela pesquisadora de pré-doutorado Alba Espí Malillos, Dra. Carla Palacios Gorba e Dra. Inmaculada López Almela, do grupo de pesquisa ‘Listeria: biologia e infecção’ do CEU UCH, foi liderado pelo Dr. Juan José Quereda Torres, pesquisador Ramón y Cajal do CEU UCH.
O estudo também foi realizado em colaboração com Pilar Ruiz García e a Dra. María del Carmen López Mendoza, do grupo de pesquisa ‘Human nutrition and food safety for health’ da UCH-CEU; o Dr. Francisco García-Del Portillo, do CNB-CSIC; e a Dra. María Graciela Pucciarelli, do CNB-CSIC e do CBMSO CSIC-UAM.