Falta de estímulo ao pequeno pecuarista, que não tem condições de fazer investimentos em melhoramento genético e buscar recursos pra financiar a atividade, preocupa setor.
melhoramento genético
Amarildo Gonçalves, proprietário da Estância Tamburil: falta de investimentos públicos diminui capacidade de produção (Wesley Costa)
Enquanto muitos produtores investem cada vez mais em melhoramento genético, ainda é grande o desestímulo ao pequeno pecuarista, que não tem condições de fazer investimentos e buscar recursos pra financiar a atividade.

Para o proprietário da Estância Tamburil, Amarildo Gonçalves, isso é muito preocupante. “Por falta de políticas públicas, estamos perdendo muito espaço para agricultura e pecuária de corte. A pecuária de leite gera muito empregos e tem um grande cunho social, mas a agricultura está avançando de uma forma muito forte sobre o pequeno produtor”, diz.

Para ele, a verdadeira reforma agrária não é pegar as pessoas que estão nas cidades e levar para as fazendas, mas dar condições para que o pequeno produtor se mantenha na propriedade. “Por falta de investimentos e tecnologia, os pequenos produtores estão deixando suas propriedades”, afirma.

O proprietário da Tamburil lembra que o leite tem custo de produção em dólar, pois a base da alimentação do gado é a soja e o milho, mas o produto tem cotação em real, o que resulta em desequilíbrio financeiro. Além disso, o pequeno produtor acaba adquirindo mais medicamentos e ração, apesar da pouca produção de leite.

“Isso faz com que ele não tenha condições de se manter, com produção baixa e custo muito alto, o que tem inviabilizado a atividade e feito com que muitos produtores arrendem suas propriedades e migrem para a cidade”, conta.

Outros países subsidiam o leite que o Brasil importa, gerando uma concorrência desleal. Por isso, Amarildo ressalta a importância de uma política pública para o setor, que identifique onde todos os elos da cadeia e o poder público estão errando. “Se não fizermos isso, o leite é um produto que terá data de validade em nosso País, que é muito rico e produz genética para o mundo todo. Mas não somos autossuficientes”, lembra.

Para o empresário, o poder público e o produtor precisam entender que, se fizerem investimentos em genética, amanhã terão uma vaca com alta produtividade de leite e a atividade passará a ser rentável. “O mesmo avanço que aconteceu na agricultura falta acontecer na pecuária leiteira. O pequeno produtor precisa entender que se ele não investir numa genética boa, terá prejuízo”, destaca.

Segundo ele, o produtor não investe por falta de conhecimento ou de recursos, por isso é preciso facilitar as linhas de crédito, principalmente do Pronaf para aquisição de embriões, além de criar mecanismos para que o produtor possa ter mais fácil acesso a estes recursos.

Ao mesmo tempo, a indústria nacional precisa entender a necessidade e criar mecanismos para investir no produtor. “Elas investem em transportadoras para buscar o leite cada vez mais distante, mas não investem no produtor que mora na região da indústria”, diz Amarildo. O resultado é o agravamento do êxodo rural, pois o pequeno produtor vai migrando para as áreas urbanas e criando um problema social, principalmente nas pequenas cidades.

Alta qualidade

O presidente da Rede Goiana de Inovação, Cárbio Waqued, afirma que Goiás está buscando mais qualificação genética. O resultado disso é que o Estado tem o primeiro rebanho da América Latina que produz o leite A2A2, que altamente competitivo no mercado, por conta de suas propriedades mais saudáveis para organismo e também pela alta produtividade dos animais.

“É um processo genético que traz um embrião cada vez mais qualificado, com animais com menos doenças, mais fácil de ser tratado, com maior produtividade e com um leite de maior qualidade para o mercado”, destaca.

Ele lembra que Bela Vista tem a terceira maior bacia leiteira do estado, que é o terceiro maior produtor nacional. Com os investimentos em melhoramento genético, a estimativa é que a produtividade média tenha aumentado cerca de 80% nos últimos anos.

“Mas, com as pesquisas que estão sendo feitas, com a participação de universidades e instituições como a Tamburil, nosso objetivo é chegar à primeira colocação nos próximos anos. Em relação à qualidade de produto, já estamos em primeiro lugar”, acredita Cárbio Waqued.

Ele lembra que, quanto mais qualificado o produto, melhor sua aceitação no mercado interno ou externo. Por isso, Goiás tem recebido tantos representantes de outros países em busca de informações sobre a área.

O presidente da Rede Goiana de Inovação ressalta que, com estes avanços genéticos, já não é mais preciso ter um grande rebanho leiteiro, mas apenas poucos animais com uma boa genética e alta produtividade. “Uma boa vaca produtora produz o equivalente a oito animais no pasto. Com menos gado, o custo fica menor e a margem aumenta”, afirma.

 

 

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