ESPMEXENGBRAIND
9 dez 2025
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A multinacional chinesa Mengniu analisa fornecedores argentinos para ampliar sua rede global com padrões rígidos de qualidade 🧪
Mengniu vê na Argentina um futuro polo de insumos lácteos, mas exige rastreabilidade total, sustentabilidade e entrega constante. 🌱
Mengniu vê na Argentina um futuro polo de insumos lácteos, mas exige rastreabilidade total, sustentabilidade e entrega constante 🌱

Mengniu voltou a colocar a Argentina no centro de sua estratégia de expansão internacional, e fontes do setor relatam que o movimento do gigante chinês pode abrir uma nova janela para os exportadores de lácteos do Cone Sul.

A companhia, uma das maiores multinacionais do setor no mundo, avalia fornecedores locais de olho em insumos que atendam padrões cada vez mais rigorosos de rastreabilidade, sustentabilidade e consistência industrial.

Nascida em Hohhot, na Mongólia Interior, a Mengniu transformou-se, em apenas 25 anos, de uma empresa regional em um grupo global com presença em diversos continentes. Executivos próximos às negociações contaram a jornalistas especializados que a companhia vê a América Latina, e especialmente a Argentina, como uma alternativa estratégica diante de sua política de diversificação de origens e de redução de riscos na cadeia produtiva.

A gigante asiática já importa itens selecionados da região e opera com distribuidores locais, mas agora observa o mercado argentino com outra lente: a de potenciais fornecedores estruturais de leite em pó, proteínas lácteas e soro. Para empresas da região, isso pode significar acesso a um comprador de escala mundial — mas não sem compromissos severos. Interlocutores ligados à multinacional reforçam que a negociação só avança com garantia de rastreabilidade completa, certificações ambientais em linha com as exigências internacionais, qualidade uniforme e regularidade absoluta nas entregas.

Os números de Mengniu ajudam a dimensionar o tamanho da oportunidade. A empresa emprega mais de 38,8 mil pessoas, administra 45 fábricas na China e mantém operações industriais na Austrália, Nova Zelândia, Indonésia e Filipinas. Seu processamento global chega perto de 14 bilhões de litros por ano, o que a coloca entre os maiores players da indústria láctea. No plano financeiro, registros oficiais indicam que o grupo faturou 88,675 bilhões de RMB em 2024, enquanto no primeiro semestre de 2025 alcançou 41,567 bilhões de RMB, com um expressivo avanço em margem bruta, hoje em 41,7%.

O núcleo do portfólio segue concentrado na tradicional linha de leite UHT, responsável por mais de dois terços das receitas. Mas a empresa diversificou fortemente: ganha músculo em fórmulas infantis, cresce em queijos no consumo doméstico chinês e ostenta liderança em sorvetes na Indonésia por meio da marca Aice. Essa expansão apoia-se na estratégia “One Core – Two Wings”: o leite como base; uma “asa” dedicada à nutrição avançada e produtos premium; e a outra focada em internacionalização, com novas plantas e fornecedores fora da China.

A busca por fornecedores confiáveis é, em parte, herança da crise que sacudiu a indústria chinesa em 2008, quando o escândalo da melamina expôs falhas profundas na cadeia. Embora Mengniu não tenha sido a responsável direta, sofreu impactos significativos. Desde então, o setor passou por um processo radical de depuração, com fechamento de fazendas inseguras, controles sanitários diários, rastreabilidade de ponta e investimentos ambientais robustos — pilares que hoje definem quem entra ou não nas cadeias de valor do grupo.

No caso argentino, o país processa cerca de 30 milhões de litros de leite por dia e mantém um parque industrial competitivo, com aproximadamente 15 grandes empresas operando com tecnologia de padrão internacional. Apesar da liderança de Saputo em volume e da força histórica de La Serenísima em reputação, o setor vive um período de reacomodação. Situações como as falências de La Suipachense e ARSA, somadas às dificuldades de SanCor, ainda em processo de salvataje, compõem o pano de fundo do interesse estrangeiro.

Para analistas, o olhar da Mengniu combina lógica econômica e estratégia de risco. A Argentina oferece escala, qualidade e know-how, mas exige estabilidade institucional e previsibilidade produtiva — dois fatores essenciais para contratos de longo prazo com multinacionais desse porte.

Executivos do setor acreditam que, caso a Argentina consiga garantir padrões técnicos e ambientais compatíveis com as exigências chinesas, o país poderá integrar uma cadeia global em expansão acelerada. O movimento, no entanto, será gradual e condicionado à capacidade da indústria local de demonstrar constância e certificações reconhecidas internacionalmente.

No curto prazo, o interesse da Mengniu funciona como termômetro do reposicionamento argentino no mercado lácteo mundial. No médio prazo, pode se tornar um dos acordos mais importantes da região em termos de volume, previsibilidade e valor agregado.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de EDairyNews Español

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