Após acompanhar o movimento da inflação com altas contínuas, preços perderam fôlego. Custos de produção preocupam o setor.
Divulgação/FAEP

Após aumentos consecutivos registrados neste ano em razão da inflação, os preços dos derivados lácteos começaram a desacelerar no Paraná. O valor de referência – usado como parâmetro na negociação entre produtores e indústrias de leite – fechou abril em R$ 2,2159, o que representa alta de 6,26% em relação ao mês anterior. A projeção para maio, no entanto, é de que o índice oscile 0,63%, com o valor de referência chegando a R$ 2,2273.

O levantamento foi apresentado na última terça-feira (24), pelo Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Paraná (Conseleite-PR), realizado de forma híbrida: presencialmente, na sede do Sistema FAEP/SENAR-PR; e por videoconferência. “Na média, vemos que os preços pararam de subir. Isso a gente vem observando no acompanhamento semana a semana, desde a segunda quinzena de abril”, observou José Roberto Canziani, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e um dos responsáveis pelo levantamento.

Principal derivado – que responde por 46,3% do mix de comercialização – o muçarela teve valorização de 8,19% em abril, mas recuou 1,26% na parcial de maio. Outro produto com peso entre os lácteos, o leite UHT também ganhou preço no mês passado (7,53%) e agora entrou em tendência de estabilização. Movimento semelhante ocorreu com o queijo prato, que após alta de mais de 6% em abril, também viu seus preços se desacelerarem.

Outros produtos também seguiram essa tônica, como o parmesão (que teve alta de 0,3% na parcial de maio), o doce de leite (0,1%) e a bebida láctea (que ficou estável). Após a alta expressiva ocorrida em abril, alguns derivados chegaram a ter leve queda na parcial deste mês: creme de leite (-1%) e requeijão (-2,7%). Alguns produtos com menor expressividade no mix, no entanto, acumularam altas em abril e na parcial de maio, como a manteiga, o iogurte e o leite em pó – este último, contudo, atrelado a fatores internacionais.

“Os preços estão se estabilizando, mas, em razão do processo inflacionário, em um patamar elevado. A pergunta que fica é o formato dessa curva, se o mercado tem força para subir ainda mais”, ponderou Vânia Guimarães, professora da UFPR e também responsável pelo levantamento.

Os professores também apresentaram dados que atestam a pressão que os custos de produção estão exercendo sobre a atividade, com preços do milho e da soja em alta. Além disso, os preços dos derivados pagos pelo consumidor têm oscilado bem acima das margens do varejo e da indústria.

Vice-presidente do Conseleite-PR, Ronei Volpi, comentou o cenário, levando em conta a inflação mundial. “Eu não acredito que tenhamos aumento de produção no segundo semestre. Torcer para que tenhamos estabilidade de preços. Essa inflação mundial não é boa para ninguém”, ponderou.

 

Fonte: Assessoria FAEP

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