ESPMEXENGBRAIND
16 out 2025
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🧈 Queda da manteiga para US$ 1,60 cria spread de US$ 2,47 entre as classes III e IV — o maior em 14 anos — e desafia produtores de leite nos EUA.
🐄 Colapso da manteiga reconfigura o mercado de leite nos EUA, Laticínios
🐄 Colapso da manteiga reconfigura o mercado de leite nos EUA.

O mercado de laticínios dos Estados Unidos vive uma reviravolta histórica.

A queda da manteiga para US$ 1,60 por libra na bolsa de Chicago (CME) abriu um spread de US$ 2,47/cwt entre as classes III e IV, o maior desde 2011, segundo dados oficiais. A diferença está afetando diretamente as operações com genética Jersey, voltadas à gordura butírica, e gerando perdas de até US$ 180 mil por ano em algumas fazendas.

De acordo com o relatório da CME de 9 de outubro de 2025, o preço da Classe III (US$ 17,01/cwt) supera amplamente o da Classe IV (US$ 14,54/cwt). Essa discrepância sinaliza uma mudança estrutural nos valores dos componentes do leite e levanta dúvidas sobre a sustentabilidade de modelos focados exclusivamente na gordura.

O professor Andrew Novakovic, da Universidade de Cornell, alerta que esse tipo de inversão não é apenas pontual. “Ou o queijo colapsa ou a manteiga se recupera, mas essa diferença vai se fechar”, disse. No entanto, os dados atuais mostram o contrário: a gordura perde valor, enquanto o mercado de proteína mantém fôlego.

Produtores enfrentam perdas e incertezas

No estado de Wisconsin, berço da produção de queijo americana, cooperativas relatam cargas spot negociadas até US$ 2 abaixo da classe, um nível não visto desde 2020. “Meu rebanho Jersey, orgulho de 20 anos, virou um problema”, desabafou um produtor local.

A situação também preocupa o setor institucional. Segundo Chad Zuleger, diretor da Associação de Empresas de Laticínios de Wisconsin, mais de 253 mil vacas estão sob pressão financeira direta. “As fazendas que apostaram apenas em volume estão sentindo o impacto com mais força”, afirmou.

Os números confirmam o cenário difícil. O relatório de produção do USDA mostra um aumento de 176 mil vacas no rebanho nacional, totalizando 9,46 milhões de cabeças — crescimento de 1,9% em um ano. Com mais leite e menos demanda global, o desequilíbrio entre oferta e preço se amplia.

Pressões globais: México e China redefinem o tabuleiro

As tensões do mercado interno se somam à perda de espaço internacional. O analista José Rodríguez, do Rabobank México, destacou que o país vem aumentando rapidamente sua autossuficiência em leite em pó, podendo substituir 507 milhões de libras de importações americanas até 2026.

Enquanto isso, as importações chinesas de laticínios caíram 28% em relação ao pico de 2021, de acordo com dados alfandegários de Pequim. A demanda por leite em pó integral caiu 13%, para 292 mil toneladas, sugerindo recuperação da produção doméstica. Com isso, os preços internacionais permanecem pressionados: na Europa, a manteiga é negociada a US$ 2,50/lb, e na Nova Zelândia, a US$ 3,03/lb, muito acima do valor americano.

Margens em queda e ração em leve alívio

Com o milho de dezembro a US$ 4,18/bushel, o único alívio para os produtores vem do custo da alimentação. Segundo a Dra. Virginia Ishler, da Penn State Extension, a margem média de renda sobre ração caiu para US$ 6,80/100 lb, contra US$ 8,50 em agosto. “A relação leite/ração está em 1,92. Abaixo de 2,0, o produtor já opera no vermelho”, explicou.

Muitos produtores estão reagindo: fixam preços de insumos, buscam opções de venda a US$ 14,00/cwt e ajustam rações para elevar o teor de proteína. “Os mais atentos estão se protegendo agora”, observou Angela Farley, gerente de qualidade em Ohio.

Um desafio que vai durar

As análises de mercado apontam que essa correção não será passageira. O economista Marin Bozic, da Universidade de Minnesota, estima que o atual ciclo de excesso de oferta e baixa nos preços deve durar entre 12 e 18 meses. O histórico reforça a tendência: em 2011, uma diferença similar entre as classes levou quatro meses para se normalizar — com queda da Classe III, não recuperação da IV.

A Federação Nacional de Produtores de Leite calcula que seria necessário reduzir custos em US$ 2,50/cwt para manter margens positivas aos preços atuais. Com o spread mais alto em mais de uma década, a mensagem do mercado é clara: ficar parado é o maior risco.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de The Bullvine

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