Devido à estiagem, início da safra no Estado está atrasado em 60 dias.
Devido à estiagem que atingiu a região sul do país nos últimos meses, a safra de leite no Rio Grande do Sul está atrasada em cerca de 60 dias, de acordo com o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini. Segundo ele, a captação está em torno de 1,5 milhão de litros/dia, o que torna a oferta ajustada à demanda e mantém os preços sustentados, inclusive com perspectiva de alta para o próximo pagamento.
No leite captado no mês de maio, pago em junho, a média de preço pago ao produtor, segundo Palharini, é de R$ 1,35 a R$ 1,45 por litro. “A sinalização que temos é que pode haver uma variação de recuperação de até 10% para o leite captado em junho, que será pago em julho”.
“Normalmente, nesta época, o Rio Grande do Sul estaria captando em torno de 13 milhões de litros/dia, e por causa da estiagem, a produção foi reduzida em cerca de 1,5 milhão de litros/dia. Este cenário deve se repetir em Santa Catarina e no Paraná, que também passaram pela seca”, disse.
Outro fator que contribui com o equilíbrio do mercado é o dólar em alta, o que reduziu em 50% a importação de leite em pó pelo Brasil em maio, na comparação com o mesmo mês no ano passado. Para este cenário, o fato de alguns Estados estarem reabrindo a economia, o que faz com que o consumo comece a ser retomado, e o repasse do auxílio emergencial do Governo Federal auxilia as famílias a manterem o consumo do leite, item básico na despensa.
“Os elos da cadeia produtiva buscaram alternativas de comercialização, principalmente a questão de queijos, o sistema de teleentrega tem conseguido compensar a parada inicial.
O mercado do leite spot está bem aquecido em termos de valores, então as empresas que, por ventura, estiverem com uma parte de algum mix de comercialização abaixo, ela tem alternativa de vender o leite spot”, disse.
Apesar da boa sinalização para o próximo mês, Palharini afirma que ainda assim há preocupações no setor, já que a safra está chegando, e caso o dólar ceda, pode haver mais entrada de leite em pó importado no país. Além disso, existe a incerteza sobre até onde a recessão econômica no país vai atingir a renda das famílias, e se isso pode comprometer o consumo de produtos básicos, como o leite.
Em relação aos custos de produção, o secretário-executivo do Sindlat explica que o farelo da soja deve permanecer em patamares altos, e que o milho pode ganhar estabilidade nos preços com a colheita da safrinha, mas a tendência é que os custos permaneçam altos, de forma geral.