O mercado global de lácteos em 2025 está em transformação. A redução permanente da oferta europeia, o clima instável na Nova Zelândia e a crescente sofisticação dos compradores asiáticos criaram um novo cenário competitivo.
Nesse contexto, produtores que apostam em eficiência alimentar, diferenciação de qualidade e automação estão colhendo os melhores resultados.
Nos Estados Unidos, a produção está se destacando com um crescimento de 8% nas exportações de lácteos neste ano – com o queijo sendo o protagonista, crescendo 22% e mantendo uma tendência positiva por treze meses consecutivos.
Os destinos? México, Japão, Bahrein, Panamá e todo o Sudeste Asiático, onde os compradores pagam até 14% a mais por queijos premium.
Ao mesmo tempo, a China dá sinais de seletividade, aumentando em 72% suas compras de manteiga, enquanto reduz as de leite em pó.
Menos leite vindo da Europa muda a lógica de oferta global
A produção europeia não voltará aos níveis pré-2020. Segundo o USDA, as entregas de leite da UE devem cair para 149,4 milhões de toneladas em 2025 – um recuo impulsionado por regulamentações ambientais rígidas e custos crescentes de conformidade.
A reforma do modelo agrícola europeu, pautada pelo Pacto Ecológico, está restringindo a capacidade produtiva em tempo real.
Mesmo com menos leite, os processadores europeus estão redirecionando seu foco para produtos de maior valor agregado, como o queijo, cuja produção deve crescer 0,6% este ano, em contraste com quedas na manteiga e em produtos menos rentáveis.
Nova Zelândia oscila, Austrália dá exemplo
A coleta de leite na Nova Zelândia cresceu 14,6% em junho – mas essa alta esconde uma recuperação sazonal após eventos climáticos extremos no início do ano.
Em contraste, a Austrália apresenta estabilidade operacional e menor volatilidade graças a investimentos em infraestrutura resistente à seca e melhor gestão de água.
Eficiência alimentar: o novo diferencial competitivo
O aumento de apenas 10% na eficiência de conversão alimentar pode gerar até US$ 240 extras por vaca por ano.
Com o custo da ração subindo 1,5% em julho (USDA), mas os preços do leite estáveis, quem otimiza a dieta está garantindo margens reais.
A alimentação de precisão deixou de ser opcional. Dados da Universidade de Wisconsin-Madison mostram que é possível alcançar uma melhora de até 12% na eficiência alimentar, com retorno direto sobre o investimento.
Tecnologia: investir é sobreviver
Sistemas de ordenha robotizada estão entregando 15% mais componentes do leite, além de reduzir custos trabalhistas e melhorar a consistência na qualidade.
E o segredo do sucesso vai além do equipamento: as fazendas líderes constroem relações técnicas sólidas com fornecedores e planejam a curva de aprendizado antes de automatizar.
Mesmo sem investir agora, quem inicia o planejamento tecnológico já larga na frente.
Logística pressiona os commodities, valoriza os premium
Os custos com transporte refrigerado subiram 5% em julho por causa de gargalos logísticos. Isso afeta principalmente as commodities de menor valor e fortalece o posicionamento de produtos premium, que compensam a logística com margens maiores.
Exportadores americanos já estão ajustando suas estratégias e priorizando compradores regionais ou de nicho, onde o custo de desembarque é mais competitivo.
O que isso significa para sua fazenda agora
- Monitore a eficiência alimentar: comece a avaliar o desempenho individual das vacas com precisão. As operações mais eficientes já estão colhendo resultados tangíveis.
- Diversifique os mercados: não dependa apenas dos compradores tradicionais. O Sudeste Asiático e o México pagam prêmios que fazem a diferença.
- Planeje a automação: mesmo que ainda não compre, comece a construir relacionamento com fornecedores de tecnologia.
- Hedge de margens: use contratos futuros ou opções para proteger sua rentabilidade, especialmente diante da volatilidade do mercado Classe III.
- Adapte-se ao novo normal climático: investir em infraestrutura de resiliência climática é caro, mas reduz a volatilidade de produção em até 31%.
Conclusão: Os fundamentos mudaram
As mudanças no mercado global de lácteos não são passageiras. São estruturais. Com menos leite vindo da Europa, clima incerto na Oceania e compradores buscando qualidade, as oportunidades estão em quem entrega mais valor com menos volume.
Os produtores que se antecipam e agem em 2025 estão construindo uma vantagem competitiva que vai durar muitos anos. A pergunta que fica é: você vai liderar a transformação ou correr atrás do prejuízo?
*Adaptado para eDairyNews, com informações de The Bullvine