O mercado global de queijos está em plena expansão e deve crescer de US$ 105,5 bilhões em 2024 para US$ 178,5 bilhões até 2035, segundo dados da consultoria Future Market Insights (FMI).
A taxa de crescimento anual composta (CAGR) está projetada entre 4% e 5%, superando a tendência histórica de 3% a 3,5%.
De acordo com Nandini Roy Choudhury, consultora principal da FMI para alimentos e bebidas, o setor se consolidou como um dos mais resilientes e dinâmicos da indústria láctea mundial. Esse avanço combina tanto o consumo maduro em países desenvolvidos quanto a forte expansão em mercados emergentes.
O papel da restauração rápida e do foodservice
Um dos motores desse crescimento é o setor de foodservice, em especial as redes de pizzarias, hamburguerias e cafeterias que seguem expandindo na Ásia e no Oriente Médio. Nessas regiões, a mozzarella, o cream cheese e os queijos processados se tornaram fundamentais nos cardápios.
“Em muitas cidades asiáticas, o ‘momento da pizza’ que ocorreu décadas atrás nos Estados Unidos e na Europa está apenas começando a escalar, impulsionando fortemente o consumo”, explicou Choudhury.
Tendências na Europa e na América do Norte
Na Europa e na América do Norte, onde o consumo per capita já é muito elevado, o crescimento em volume é limitado, mas a premiumização sustenta a expansão de valor. Queijos artesanais, certificados de origem (PDO/PGI) e variedades indulgentes, como maturados ou de tripla creme, estão em alta.
As marcas também têm destacado cada vez mais atributos naturais e artesanais. Além disso, o crescimento das marcas próprias (private label) é marcante. Nos Estados Unidos, elas já respondem por cerca de 40% das vendas, enquanto varejistas europeus ampliam linhas premium para reter consumidores sensíveis a preços.
América Latina: diversidade de consumo
Na América Latina, o cenário é diverso. O Brasil se destaca por sua forte tradição queijeira e pela crescente demanda por mozzarella e cheddar, impulsionada pela cultura da pizza e do hambúrguer.
A Argentina mantém equilíbrio entre produção doméstica e exportações, enquanto o México absorve cada vez mais influências do padrão alimentar dos EUA e da expansão de restaurantes de serviço rápido.
Segundo Choudhury, apesar de desafios macroeconômicos e cambiais, fatores estruturais como urbanização, população jovem e classe média em expansão criam oportunidades tanto para produtores locais quanto para empresas globais.
Queijos vegetais e funcionais em ascensão
Outro destaque é a categoria de queijos de origem vegetal, estimada entre US$ 3 e 3,5 bilhões. Embora ainda pequena em comparação ao mercado tradicional, cresce a taxas de dois dígitos. Inovações em fermentação, coalho microbiano e bases de castanha de caju têm melhorado a qualidade sensorial, atraindo consumidores atentos à saúde e à sustentabilidade.
Grandes grupos lácteos como Bel Group e Danone já ampliaram ou reformularam seus portfólios de alternativas vegetais, reforçando um compromisso de longo prazo.
Os queijos funcionais também ganham espaço. Produtos sem lactose avançam na Europa e América do Norte, ao mesmo tempo em que formatos com baixo teor de sódio e gordura atraem consumidores preocupados com saúde cardiovascular.
Queijos enriquecidos com proteína e cálcio, especialmente em snacks infantis, se inserem no movimento de conveniência e bem-estar.
Desafios para a indústria
Apesar do cenário positivo, a indústria enfrenta custos crescentes de energia, volatilidade dos preços do leite e escassez de mão de obra. Para mitigar esses impactos, grandes empresas ampliam investimentos em automação e eficiência energética.
A Arla, por exemplo, anunciou a expansão de sua produção de cream cheese na Dinamarca, em um projeto de €59,4 milhões.
O setor também passa por consolidação, com fusões e aquisições, como a negociação da Lactalis para adquirir negócios de consumo da Fonterra.
Ao mesmo tempo, cresce a pressão de consumidores mais atentos a teor de gordura e sódio. No entanto, especialistas apontam que o reposicionamento do queijo como alimento rico em proteínas e nutrientes densos pode neutralizar parte dessas preocupações.
O futuro do queijo
Do processado em grande escala para redes de fast food, até os produtos premium de nicho vendidos no varejo especializado e direto ao consumidor, o mercado de queijos apresenta oportunidades para todos os perfis de produtores.
Com inovação, investimento e posicionamento estratégico, a expectativa é que a indústria consiga navegar os desafios e capturar as oportunidades desse mercado que deve atingir US$ 178,5 bilhões até 2035.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Dairy Reporter
Nota da redação: No eDairyNews, mantemos a posição de que o termo “queijo” deve referir-se exclusivamente a produtos de origem animal. Contudo, respeitamos a integridade do artigo original ao preservar a terminologia empregada pela fonte.