O mercado lácteo global registrou um crescimento modesto em 2024, segundo o Global Dairy Top 20 Report divulgado pelo RaboResearch.
O levantamento, que analisa o desempenho financeiro das maiores empresas do setor no mundo, mostrou uma alta combinada de apenas 0,3% no faturamento em dólares, contrastando com o expressivo crescimento de 8,1% observado no ano anterior.
A Lactalis, da França, manteve a liderança pelo terceiro ano consecutivo e se tornou a primeira companhia a superar US$ 30 bilhões em receita anual exclusivamente relacionada a lácteos. Em segundo lugar ficou a Nestlé, que trocou de posição com a Dairy Farmers of America (DFA), impactada pela queda nos preços do leite.
Preços mais baixos pressionam faturamento
De acordo com o relatório do Rabobank, a desaceleração na receita global é atribuída principalmente à queda dos preços do leite em 2023 em comparação com os valores elevados de 2022. Essa tendência afetou especialmente cooperativas europeias, e sete empresas reportaram queda de receita em suas moedas locais.
Apesar disso, muitas companhias conseguiram apresentar melhorias em lucros e margens, sinalizando ajustes estratégicos e controle de custos mais eficiente.
México estreia no ranking com o Grupo Lala
Um destaque do relatório é a entrada do Grupo Lala, do México, pela primeira vez no Top 20. O fortalecimento do peso mexicano frente ao dólar (11,8%) e um crescimento orgânico de 6% em receita contribuíram para essa ascensão, desbancando a irlandesa Glanbia.
Fusões e aquisições seguem tímidas
O setor manteve baixa atividade de fusões e aquisições (M&A) em 2024. Exceções notáveis foram a venda dos negócios na Rússia pela Danone e a alienação das marcas Horizon Organic e Wallaby. Essas decisões refletem uma tendência de foco nos negócios principais, reduzindo a diversificação em áreas de menor retorno estratégico.
O Rabobank destaca que movimentos relevantes estão por vir: a planejada venda da divisão de sorvetes da Unilever e a decisão da Fonterra de se desfazer de sua divisão de consumo podem remodelar o ranking nos próximos anos, alinhando-se a estratégias mais enxutas e com maior ênfase em sustentabilidade.
Estados Unidos apostam em crescimento interno
Nos Estados Unidos, o foco atual está no crescimento interno, com mais de US$ 7 bilhões planejados para novas plantas e ampliações até 2026, sobretudo na produção de queijo.
Após três anos de estagnação, a produção de leite norte-americana deve voltar a crescer em 2025, contrastando com outras regiões onde há fechamento de fábricas devido ao baixo crescimento produtivo.
Esse movimento pode reposicionar empresas norte-americanas e até mesmo filiais de companhias estrangeiras instaladas no país dentro do Top 20 global.
Lactalis mantém a dianteira global
A Lactalis não apenas preservou o primeiro lugar, mas alcançou um marco histórico: ultrapassar US$ 30 bilhões de faturamento em lácteos. Esse desempenho é resultado de uma combinação de crescimento orgânico e aquisições realizadas nos últimos anos.
A Nestlé, por sua vez, garantiu o segundo lugar após superar a Dairy Farmers of America, que perdeu posição em meio a um cenário de preços menos favorável.
Perspectivas para 2025
O relatório indica que, apesar do crescimento tímido, o setor passa por uma reorganização estratégica, com as empresas priorizando rentabilidade sobre expansão agressiva.
Questões como sustentabilidade, eficiência e reestruturação de portfólios devem guiar as principais movimentações no próximo ciclo.
O RaboResearch, braço de análise do Rabobank, reforça que os próximos dois anos serão decisivos para um novo equilíbrio no mercado global de lácteos, principalmente diante de grandes operações previstas e da recuperação gradual dos preços do leite.
*Adaptado para eDairyNews BR, com informações de eDairy News En