Sabe-se que a presença de micotoxinas no leite também é influenciada por inúmeros fatores, como espécie animal, variabilidade dos indivíduos…
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As micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por algumas espécies de fungos pertencentes aos gêneros Aspergillus, Penicillium e Fusarium (Izzo et al., 2022). São metabolizados por fungos quando presentes em alimentos, seja por contaminação do solo, contaminação do produto ou durante as etapas de processamento e armazenamento (Campagnollo et al., 2016).

Apesar de um grande número de toxinas identificadas, algumas são mais proeminentes quanto ao risco micotoxicológico, como aflatoxinas (AF), citrinina (CIT), fumonisinas (FUM), ocratoxinas (OT), tricotecenos (por exemplo, desoxinivalenol (DON) e nivalenol (NIV) ), zearalenona (ZEN) (Haque et al., 2020), e algumas micotoxinas emergentes como alternariol (AOH), beauvericin (BEA), enniatinas (Enn), moniliformina (MON) e ácido tenuazônico (Akinyemi et al., 2022 ).

A contaminação do leite por micotoxinas pode ocorrer devido ao consumo de alimentos contaminados pelo animal, que irá metabolizar as micotoxinas e depois secretá-las no leite (Narvaéz et al., 2020), além da contaminação direta, quando fungos se desenvolvem no leite com consequente formação de micotoxinas.

Além disso, sabe-se que a presença de micotoxinas no leite também é influenciada por inúmeros fatores, como espécie animal, variabilidade dos indivíduos, lactação, ordenha, estado de saúde do animal, consumo de ração, nível de contaminação, localização geográfica e estação do ano (Campagnollo et al., 2016), com maior propensão sendo relatada em climas quentes e úmidos (Benkerroum, 2016).

Como o leite e os produtos lácteos passam por diferentes processos desde a sua obtenção até o produto final, os efeitos de cada etapa do processamento podem variar os níveis de micotoxinas presentes nos produtos lácteos (Campagnollo, et al., 2016).

No entanto, a contaminação por micotoxinas em animais e sua passagem para o leite não é apenas um problema de saúde pública, as micotoxinas podem causar baixa produtividade animal e, consequentemente, prejuízos econômicos para os produtores e desabastecimento para a indústria, o que reflete diretamente no consumidor (Bryden, 2012).

O consumo de alimentos contaminados com micotoxinas pode estar relacionado ao câncer de fígado e é uma das questões mais críticas a serem abordadas pelos produtores de alimentos e rações em todo o mundo (Santilli et al., 2015).

As micotoxinas, principalmente as aflatoxinas, apresentam grande resistência aos tratamentos convencionais geralmente aplicados ao processamento de alimentos ou rações, incluindo pasteurização, esterilização e outros tratamentos térmicos, que se tornaram uma preocupação para a indústria e órgãos de saúde pública (Ismail et al., 2018).

A rastreabilidade dos alimentos é um passo importante para garantir a segurança do consumidor. Nesse contexto, o recall se faz necessário, pois elimina produtos alimentícios impróprios para o consumo e promove a investigação das causas das questões que envolvem a segurança alimentar. Sendo assim um sistema que valoriza a qualidade dos alimentos, a defesa e a exigência intrínseca da cadeia de suprimentos (Badia-Melis, Mishra e Ruiz-García, 2015).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabeleceu limites de micotoxinas para alimentos destinados ao consumo humano, cujo limite máximo permitido de aflatoxina M1 para queijo é de 2,5µg .Kg-1 (Anvisa, 2011). Em relação à aflatoxina M1 em leite e outros produtos lácteos, as regulamentações internacionais estipulam um limite máximo de detecção de 1,0 mg/kg (Iqbal et al., 2015).

Alguns estudos têm sido realizados a fim de detectar a presença de micotoxinas em diferentes tipos de leite. Akinyemi et al., (2022) avaliaram a presença de micotoxinas em leite de cabra (n=87), camelo (n=25) e vaca (n=23).

Os autores testaram 36 micotoxinas, sendo 17, sete e quatro micotoxinas detectadas em leite de cabra, camelo e vaca, respectivamente. Izzo et al., (2022), em estudo com 54 amostras de fórmulas infantis, puderam detectar cinco tipos de micotoxinas pelo método de cromatografia líquida de ultra-alta eficiência aliada à análise por espectrometria de massa de alta resolução, o que é considerado um resultado expressivo dado o público-alvo do produto analisado.

Em um estudo com 191 amostras de leite cru na Espanha, Flores-Flores e Gonzalez-Peñas (2018) analisaram a presença de 22 micotoxinas nessas amostras. Nenhuma das amostras apresentou nível superior ao seu nível de detecção (0,05–10,1 µg/L), o que foi um resultado positivo quanto à presença de micotoxinas em amostras de leite na Espanha.

Muitas questões relacionadas à presença de micotoxinas no leite precisam ser mais discutidas, bem como maior compreensão das formas de contaminação e compreensão dos riscos gerados à saúde, além dos prejuízos econômicos para a indústria.

No entanto, vale ressaltar que de maneira geral, o leite e seus derivados são produtos seguros para o consumo, e que apresentam grande importância nutricional para a população (Collard e McCormick, 2021), sendo os casos de presença de micotoxinas decorrentes de falhas pontuais no processo de obtenção do leite. Além disso, muitas questões relacionadas à presença de micotoxinas no leite precisam ser mais discutidas, bem como maior compreensão das formas de contaminação e compreensão dos riscos gerados à saúde, além dos prejuízos econômicos para a indústria.

A inteligência artificial (IA) e sistemas avançados de câmeras estão revolucionando a maneira como os produtores de leite nos EUA gerenciam seus rebanhos.

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