O governo de Minas assumiu o compromisso de atingir 30% de redução nas emissões de dióxido de carbono (CO2) até 2030, durante participação na 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP29), em novembro passado.
No mesmo mês, o governador Romeu Zema (Novo) formalizou adesão à Coalizão Subnacional para a Ação contra o Metano (Smac), uma iniciativa do estado da Califórnia, nos Estados Unidos, que já tem adesão de mais de 150 países a fim de reduzir a liberação desse gás.
Mas alcançar metas como essas ainda se revela um desafio, não apenas no estado como no restante do país.
De acordo com o Observatório do Clima, a agropecuária é responsável por 28% das emissões de gases de efeito estufa (GEE), sendo 64% delas originárias de fermentação entérica dos bovinos, 29% do uso do solo e de fertilizantes e 7% do manejo de dejetos dos animais.
Frente a essa realidade, especialistas e governo buscam maneiras de reduzir a emissão de GEE, sobretudo o gás metano (CH4), sem comprometer, por exemplo, a criação de gado e produção leiteira.
A partir daí, microrganismos iniciam a decomposição da celulose presente nos alimentos, começando o processo de fermentação, que resulta na produção de metano. Esses gases são lançados na atmosfera ao serem expelidos pelos animais.
Para o doutor em gestão ambiental John James, professor do MBA de ESG (environmental, social and governance) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ao participar da Coalizão Subnacional para a Ação contra o Metano, Minas Gerais se alinha a iniciativas globais de combate às mudanças climáticas, o que pode atrair investimentos e parcerias para implementar tecnologias e práticas mais sustentáveis no setor agropecuário.
“Isso inclui apoio para a adoção de sistemas de produção de baixo carbono, como a integração entre lavoura, pecuária e floresta em uma mesma propriedade, o uso de biodigestores para captura de metano de dejetos animais e o manejo aprimorado de pastagens.
Além dos benefícios ambientais, essa adesão pode abrir mercados para a carne e o leite produzidos no estado”, explica.
Minas é líder em produção de leite
Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de leite, com Minas em primeiro lugar concentrando em torno de 27% da produção nacional. Em relação à criação de gado, o país concentra o segundo maior rebanho, ficando atrás apenas da Índia.
Para além dos tratados e metas, reduzir a emissão de metano (CH4) sem comprometer a criação de gado é um desafio, pois a digestão dos bovinos figura como importante fonte de emissão desse gás, responsável por cerca de 20% das emissões globais de GEE, segundo dados da ONU.
Além disso, conforme explica o professor da FGV, o metano tem cerca de 80 vezes mais potencial para reter calor do que o dióxido de carbono (CO2) em um período de 20 anos. “Por isso, ações direcionadas para a redução desse gás são essenciais para alcançarmos as metas do Acordo de Paris e limitarmos o aquecimento a 1,5°C.
A adesão de Minas Gerais à Coalizão Subnacional para a Ação contra o Metano é um passo importante nesse sentido, pois permite ao estado alinhar-se a iniciativas globais, atrair investimentos e desenvolver políticas que estimulem práticas mais sustentáveis no setor agropecuário.
Com a crescente demanda global por alimentos produzidos de forma sustentável, Minas Gerais tem a chance de se destacar ao oferecer carne e leite com menor pegada de carbono, agregando valor aos seus produtos”, avaliou.