ESPMEXENGBRAIND
10 out 2025
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🧪 Pesquisa da Universidade Hebraica de Jerusalém mostra que moléculas de células-tronco reduzem inflamações e aumentam a gordura do leite em vacas.
produção de leite -Nos últimos dez anos, a produtividade média por vaca aumentou de 1.400 litros por ano em 2012 para mais de 2.200 litros em 2022.

A pecuária leiteira moderna vive um dilema: vacas cada vez mais produtivas enfrentam sérios desafios de saúde.

Em rebanhos que chegam a produzir mais de 50 litros de leite por dia, o intenso esforço fisiológico gera inflamações nas glândulas mamárias, comprometendo o bem-estar animal e a qualidade do leite.

Agora, uma pesquisa inédita da Universidade Hebraica de Jerusalém aponta uma alternativa promissora: moléculas derivadas de células-tronco mesenquimais (MSCs, na sigla em inglês) podem reduzir inflamações e aumentar o teor de gordura do leite — uma descoberta que pode redefinir o futuro da pecuária leiteira mundial.

O estudo, publicado na revista científica Stem Cell Research & Therapy, foi conduzido pela equipe da Dra. Roni Tadmor-Levi, com a colaboração do mestre Lior Sharabi e da Professora Nurit Argov-Argaman.

De acordo com os pesquisadores, é a primeira evidência científica de que secreções de células-tronco podem influenciar diretamente a produção de gordura nas células mamárias bovinas.

“É uma direção completamente nova no uso de células-tronco para o melhoramento de laticínios”, destacou Tadmor-Levi.

🌿 Menos inflamação, mais gordura e melhor qualidade nutricional

Nos experimentos conduzidos em laboratório, as células epiteliais mamárias bovinas foram expostas às MSCs e ao seu “secretoma” — conjunto de moléculas secretadas por essas células.

O resultado surpreendeu: houve uma redução significativa nos marcadores inflamatórios e um aumento na produção de triglicerídeos, que são os principais componentes da gordura do leite.

A professora Argov-Argaman explica que a importância da descoberta vai muito além do rendimento:

“A gordura do leite não se resume à textura. Ela fornece energia, ácidos graxos essenciais e vitaminas lipossolúveis como A e D. Aumentar o teor de gordura naturalmente torna o leite mais nutritivo”, afirmou.

Além disso, os cientistas observaram que os benefícios ocorreram sem necessidade de contato direto entre as células-tronco e as células mamárias.

Apenas as moléculas secretadas já foram suficientes para gerar os efeitos positivos — um achado que abre possibilidades para o desenvolvimento de suplementos alimentares ou aditivos nutricionais que poderiam ser incorporados à ração das vacas, sem tratamentos invasivos.

🐄 Um avanço com impacto direto no bem-estar animal

A inflamação crônica das glândulas mamárias é uma das principais causas de mastite, doença que reduz a produção e causa grande desconforto aos animais.

Ao diminuir o estresse celular, as moléculas derivadas das MSCs poderiam aumentar a longevidade produtiva das vacas, reduzindo custos ao produtor e promovendo mais bem-estar.

“Não se trata apenas de obter mais leite”, reforçou Argov-Argaman.
“Trata-se de apoiar o sistema natural da vaca para produzir leite de melhor qualidade e se manter saudável.”

Caso os resultados se confirmem em estudos de campo, a tecnologia poderá dar origem a novas ferramentas de manejo de rebanhos, com benefícios de sustentabilidade e eficiência.

Como os efeitos positivos vêm das moléculas secretadas e não das próprias células-tronco, os pesquisadores veem potencial para a criação de aditivos nutricionais inovadores, capazes de transformar a rotina de fazendas leiteiras em diferentes partes do mundo.

🌎 Do laboratório israelense ao campo brasileiro

Os resultados da pesquisa ganham relevância especial quando comparados com o cenário brasileiro. A Fazenda Colorado, em Araras (SP), considerada a maior produtora de leite do país, conta com cerca de 4 mil vacas em lactação e produção média de 100 mil litros diários.

Mesmo com alta eficiência, a escala global de aplicação dessa tecnologia mostra como a inovação israelense pode abrir novas fronteiras para o setor leiteiro do Brasil e da América Latina.

A descoberta representa não apenas uma nova fronteira científica, mas também um avanço rumo a uma pecuária mais sustentável, saudável e rentável.

Se as próximas fases confirmarem os resultados, o uso das moléculas de células-tronco pode se tornar uma das mais importantes inovações da década para o leite mundial — uma promessa de futuro mais equilibrado entre produtividade e bem-estar animal.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de CompreRural

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