O gigante suíço da alimentação Nestlé anunciou um plano global de reestruturação que prevê 16 mil demissões nos próximos dois anos, o equivalente a cerca de 6% de sua força de trabalho.
A medida, divulgada em 16 de outubro de 2025, faz parte da meta revisada da companhia de economizar 3 bilhões de francos suíços (3,23 bilhões de euros) até o final de 2027.
O anúncio teve impacto imediato no mercado financeiro: as ações da empresa subiram mais de 9% na Bolsa suíça, encerrando o pregão cotadas a 83,21 francos suíços (89,62 euros), conforme reportou o portal Infobae.
Reestruturação em duas frentes
Segundo o comunicado, 12 mil dos 16 mil cortes afetarão profissionais administrativos em diferentes países e funções corporativas. Essa redução deverá gerar uma economia anual de 1 bilhão de francos suíços (1,07 bilhão de euros) até 2027 — o dobro do planejado originalmente.
Outros 4 mil postos serão eliminados em áreas de fabricação e cadeia de suprimentos, como parte das iniciativas contínuas de produtividade.
A empresa prevê que os custos extraordinários de reestruturação dobrem o valor do ganho anual esperado, refletindo o peso financeiro da mudança no curto prazo.
“O mundo está mudando e a Nestlé precisa mudar mais rápido”
O novo CEO da multinacional, Philipp Navratil, destacou que o processo é inevitável diante das transformações do mercado global de alimentos.
“O mundo está mudando e a Nestlé precisa mudar mais rápido. Isso inclui tomar decisões difíceis, mas necessárias”, afirmou Navratil, que assumiu o comando da companhia em setembro, após a saída de Laurent Freixe por violação do código de conduta corporativo.
Navratil acrescentou que a empresa vai priorizar oportunidades de crescimento e uma gestão mais estratégica do capital nos próximos meses, concentrando recursos em segmentos com maior potencial de rentabilidade e inovação.
Resultados mistos nos nove primeiros meses de 2025
Nos nove primeiros meses de 2025, a Nestlé registrou vendas de 65,87 bilhões de francos suíços (70,94 bilhões de euros), o que representa uma queda de 1,9% em valores absolutos. No entanto, o crescimento orgânico foi positivo, de 3,3%, impulsionado por um aumento médio de preços de 2,8%.
Os resultados variaram por região:
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Américas: queda de 4,8%, para 25,29 bilhões de francos (27,24 bilhões de euros);
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Europa: alta de 2,6%, chegando a 12,79 bilhões de francos (13,77 bilhões de euros);
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Ásia: avanço de 2,5%, totalizando 15,26 bilhões de francos (16,44 bilhões de euros).
Entre as divisões, Nestlé Health Science apresentou retração de 1,4%, enquanto Nespresso cresceu 2,6%. Já a categoria de águas e bebidas premium recuou levemente, 0,4%.
Entre julho e setembro, a receita da empresa foi de 21,64 bilhões de francos suíços (23,31 bilhões de euros), uma queda interanual de 2%, embora com crescimento orgânico de 4,3%.
Perspectivas para o ano
Para o restante de 2025, a Nestlé espera melhorar seu crescimento orgânico em relação a 2024 e manter um margem operacional mínima de 16%, mesmo sob pressão de tarifas e flutuações cambiais.
A companhia, que emprega mais de 270 mil pessoas em todo o mundo e é uma das maiores compradoras de leite globalmente, enfrenta o desafio de equilibrar eficiência operacional com inovação em produtos — especialmente nas linhas de nutrição funcional, café e alimentos para animais de estimação.
Apesar das demissões, o plano de reestruturação é visto por analistas como um passo estratégico para sustentar a competitividade da empresa em um cenário de custos elevados e demanda variável entre continentes.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Infobae