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22 jul 2025
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🔎 Com inflação em queda, Gian-Carlo Aubry afirma que o novo desafio da Nestlé é ser mais eficiente, inovadora e competitiva para reconquistar o consumidor.
Nestlé. Segundo Aubry, embora o preço continue sendo um fator importante, ele perdeu sua supremacia como critério principal de decisão de compra.
Gian-Carlo Aubry, CEO da multinacional suíça para o Cone Sul.

A palavra de ordem para a Nestlé no Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai mudou: a inflação deixou de ser desculpa e agora o foco é competitividade.

É o que afirma Gian-Carlo Aubry, CEO da multinacional suíça para o Cone Sul, ao comentar o atual cenário da indústria alimentícia em meio à queda de consumo e às novas dinâmicas de mercado.

Em entrevista recente durante a Exposição Rural de Palermo, Aubry destacou que o modelo de negócios da Nestlé está em plena transformação. “Hoje em dia, a inflação não existe mais: existe a competitividade”, afirmou.

Para o executivo, a ausência de inflação deixa as ineficiências empresariais mais visíveis e, por isso, só sobreviverão as empresas que souberem inovar, ajustar seus custos e entregar valor real ao consumidor.

O preço já não manda sozinho

Segundo Aubry, embora o preço continue sendo um fator importante, ele perdeu sua supremacia como critério principal de decisão de compra.

“A batalha vai se mover para as marcas, para a qualidade, para a relação preço-sabor e presença do produto”, pontuou. Isso exige que as empresas operem com um grau de eficiência muito maior — e com estratégias de portfólio mais bem definidas.

Com sete fábricas na Argentina e presença consolidada em toda a região, a Nestlé vem investindo em robotização e automação para sustentar essa virada competitiva. Em 2023, por exemplo, aplicou mais de US$ 10 milhões em sua linha de chocolates, com o lançamento de novas versões adaptadas ao poder de compra atual.

Inflação baixa não significa consumo alto

Apesar dos sinais macroeconômicos positivos — como a queda da inflação, a estabilização cambial e a abertura do mercado externo — o consumo interno ainda não reagiu como esperado. “De janeiro a abril sentimos uma recuperação sólida. Mas em maio e junho houve uma queda abrupta, difícil de explicar.

O mercado encolheu”, relata Aubry. Na visão do CEO, a recuperação será mais lenta do que o previsto inicialmente, exigindo paciência e ajustes contínuos.

Nova lógica de mercado

Com o fim da inflação como motor de estocagem, as marcas precisam redobrar esforços para conquistar o consumidor final. Isso implica, segundo Aubry, na revisão de portfólio, formatos de embalagem e sabores — sempre com foco na rentabilidade e no desejo do consumidor.

A liberalização das importações também mudou o cenário competitivo: mais produtos nas gôndolas, mas o mesmo dinheiro no bolso do consumidor. “O bolso ainda não cresceu na mesma proporção da variedade de produtos. Temos que competir com inteligência”, avalia.

Competitividade além da empresa

Para o executivo, não basta que a indústria faça sua parte: a competitividade precisa ser um esforço conjunto com o setor público. “Os impostos variam entre as províncias e até entre municípios.

Isso exige uma revisão fiscal que incentive a eficiência e a infraestrutura”, afirmou, citando como exemplo os cinco dias que um trem leva para cruzar 1000 km entre Mendoza e Buenos Aires. “Infraestrutura é essencial para sermos mais competitivos”.

Ele também destacou medidas governamentais como a eliminação das retenciones sobre o leite em pó como positivas, mas insuficientes. “Não é só o esforço do governo: é robotização, processos, diálogo e equilíbrio entre público e privado”.

Confiança em construção

Aubry encerra reforçando que a construção da confiança no mercado argentino é gradual e depende de estabilidade política, macroeconômica e previsibilidade. “As eleições e os próximos 12 meses serão um teste decisivo”, disse. Para a Nestlé, que está no país há mais de 100 anos, o jogo é de longo prazo — e o novo nome da partida é eficiência.

 

*Adaptado para eDairyNews, com informações de El Cronista

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