ESPMEXENGBRAIND
26 jul 2025
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🧭 Um crescimento orgânico de 2,9%, mas uma queda de 10% no lucro líquido. Os números do primeiro semestre de 2025 da gigante suíça Nestlé deixaram muita gente se perguntando: afinal, a empresa está crescendo ou encolhendo?
A dúvida não é apenas retórica — ela expõe um dilema real enfrentado por grandes empresas de alimentos. Nestlé
A dúvida não é apenas retórica — ela expõe um dilema real enfrentado por grandes empresas de alimentos.

A Nestlé diz que cresceu… mas lucrou menos. Como assim?

No balanço do primeiro semestre de 2025, a gigante suíça reportou um crescimento orgânico de 2,9%, ao mesmo tempo em que viu seu lucro líquido recuar 10,3%. Subiu ou caiu?

A dúvida não é apenas retórica — ela expõe um dilema real enfrentado por grandes empresas de alimentos: manter a receita em alta às custas de reajustes de preço, enquanto a rentabilidade encolhe.

Neste artigo, destrinchamos essa aparente contradição e explicamos o que está por trás dos números — e por que isso deve interessar (e muito) à indústria de lácteos.

Um balanço com duas verdades

O relatório semestral da Nestlé traz dados que, à primeira vista, parecem contraditórios:

  • Lucro líquido caiu 10,3%, para 5,065 bilhões de francos suíços (US$ 6,37 bilhões).
  • Lucro por ação também caiu, de 2,16 para 1,97 francos.
  • Vendas totais recuaram 1,8%, somando CHF 44,2 bilhões.
  • Mas o crescimento orgânico foi de 2,9%, impulsionado por preços mais altos.

 

Como é possível que a empresa tenha crescido nas vendas e, ao mesmo tempo, ganhado menos dinheiro?

📈 Crescimento orgânico: vendendo mais caro, não mais

O chamado crescimento orgânico de 2,9% combina duas forças:

  • Aumento de preços: +2,7%
  • Crescimento real de volume (RIG): +0,2%

 

Ou seja: a Nestlé vendeu praticamente o mesmo volume, mas com preços mais altos, especialmente nas categorias de café (+6%) e confeitaria (+10,6%).

A empresa justificou os aumentos como medidas para enfrentar a inflação nos custos de insumos, como cacau e café, que vêm pressionando a indústria global.

O problema? Essa estratégia tem limites. A própria Nestlé reconheceu que os efeitos da elasticidade — consumidores comprando menos diante dos preços altos — já começaram a aparecer, especialmente em confeitaria.

 E por que o lucro caiu?

Mesmo com preços mais altos, o lucro da Nestlé caiu 10% por vários motivos:

  1. Câmbio negativo: o franco suíço valorizado cortou 4,7% da receita total.
  2. Custos operacionais elevados, incluindo matérias-primas e logística.
  3. Mais gastos com marketing: os investimentos em publicidade subiram para 8,6% das vendas.
  4. Menor margem operacional (UTOP): caiu para 16,5%, com queda de 90 pontos-base.
  5. Revisão de negócios pouco rentáveis, como a divisão de suplementos (Nature’s Bounty, Osteo Bi-Flex), cujas marcas podem ser vendidas.
  6. Desempenho fraco na Ásia, especialmente na China, afetada por consumo retraído e deflação.

🌎 Panorama regional e categoria por categoria

  • Europa: crescimento orgânico de 3,5%, apesar de queda no volume (-0,2%).
  • Américas: 2,1% de crescimento orgânico, com destaque para Brasil, Argentina e Venezuela.
  • Ásia/Oceania/África (exceto China): +2,4%, mas com queda de 0,3% no volume.

 

Por categoria:
  • Confeitaria e café lideraram o crescimento.
  • PetCare e águas cresceram moderadamente.
  • Alimentos e fórmulas infantis mostraram queda.

🔮 E o que esperar?

Apesar dos resultados mistos, a Nestlé manteve suas projeções para 2025, esperando:

  • Aceleração no crescimento orgânico no segundo semestre.
  • Margem operacional mínima de 16%.
  • Estratégia voltada à inovação e ao foco em marcas premium.

 

Segundo o CEO Laurent Freixe, “as ações estão entregando resultados” e a empresa está focada em transformar-se para o futuro.

🧀 O que isso sinaliza para a indústria láctea?

Para os observadores da cadeia de laticínios, este resultado é um termômetro claro:

  • O consumidor está sensível a preços.
  • Vender mais caro ainda funciona, mas o limite está perto.
  • Empresas como a Nestlé já estão reavaliando portfólios e focando no que realmente dá margem.
  • O foco passa a ser eficiência, valor agregado e inovação com propósito — e não mais depender apenas do volume.

🧠 Em resumo

Nestlé cresceu, sim. Mas lucrou menos.
Não há contradição: o crescimento foi impulsionado por preços mais altos, enquanto a rentabilidade foi derrubada por custos, câmbio e investimentos estratégicos.

Para quem acompanha o setor de alimentos — e especialmente o lácteo — essa equação já é velha conhecida: vender mais não é o mesmo que ganhar mais.

Valéria Hamann

eDairyNews

*Com informações de CNN Brasil e Investing

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