ESPMEXENGBRAIND
6 jun 2025
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A Nestlé, gigante suíça dos alimentos aposta em seu know-how interno para impulsionar a inovação em proteínas alternativas. Será que isso pode revitalizar a categoria de laticínios sem origem animal?
Nestlé
A Nestlé testou sua linha de bebidas Cowabunga, feitas com leite sem origem animal, em 2023. Crédito: Arquivo

Já se passaram dois anos desde que a Nestlé entrou no universo dos laticínios sem vaca com o lançamento das bebidas Cowabunga Animal-Free Dairy.

A linha foi desenvolvida com a proteína do soro do leite produzida por fermentação de precisão da Perfect Day e enriquecida com vitamina D e cálcio.

Dois sabores – Original e Chocolate – foram lançados em garrafas de 444 ml e vendidos em teste em seis lojas da rede Safeway na região da Baía de São Francisco.

Mas foi aí que a história terminou: a linha nunca chegou ao varejo em larga escala.

Soro de leite sem vaca em pó

Além da linha de bebidas, a Nestlé também testou em 2024 um pó proteico da marca Orgain.

Foi comercializado em latas de 377 g, com preço sugerido de US$ 29,99.

Esse cenário é comum nos laticínios sem origem animal, um setor ainda travado por barreiras regulatórias, resistência do consumidor e altos preços nos EUA. Vale lembrar que a General Mills – que descontinuou a marca Bold Cultr – e a Unilever – que lançou e depois retirou um sorvete Breyers sem vaca – também tentaram atuar no varejo com essa categoria.

A linha Bored Cow, da Tomorrow Farms, teve um pouco mais de sucesso, conseguindo espaço em redes como Albertsons, Safeway, Vons, Jewel-Osco, Shaw’s, ACME, entre outras, em maio de 2024. No entanto, o status atual da empresa é incerto. De acordo com registros judiciais (PACER), a Bored Cow, LLC enfrenta atualmente uma ação coletiva; e a Perfect Day, fornecedora de proteínas sem origem animal, também foi alvo de outro processo judicial.

Enquanto isso, o secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy, ordenou uma reformulação do processo GRAS (Generally Recognized As Safe), que atualmente permite que empresas aprovem ingredientes sem notificar a FDA ou apresentar dados de segurança. Essa mudança pode atrasar a entrada de startups de proteínas alternativas no mercado, incluindo as que desenvolvem soro e caseínas sem vaca.

Caso de sucesso: New Culture

Embora o varejo ainda não tenha abraçado os laticínios sem vaca, uma marca se destacou no food service.

A mozzarella sem origem animal da New Culture – apresentada pela primeira vez na Pizzeria Mozza, de Nancy Silverton, em Los Angeles – já garantiu mais de US$ 5 milhões em pedidos antecipados de restaurantes nos EUA.

Segundo o cofundador e CEO, Matt Gibson, o desafio agora é atender à demanda, já que a empresa ainda aguarda aprovação regulatória para o rótulo e registro do produto.

Com a Nestlé redobrando seus esforços de P&D em fermentação de precisão, será que os laticínios sem origem animal vão, enfim, decolar?

“Acreditamos que há potencial na fermentação de precisão para entregar proteínas alternativas sem comprometer sabor, textura e valor nutricional, além de oferecer benefícios de sustentabilidade”, declarou um porta-voz da Nestlé.

Quer descobrir o futuro das proteínas alternativas?

O Future Food-Tech retorna a Chicago nos dias 2 e 3 de junho de 2025, reunindo líderes do setor – fundadores, investidores e marcas alimentares – para identificar oportunidades de inovação, suprir lacunas da cadeia produtiva, comercializar novos ingredientes e diversificar as fontes de proteína.

O evento abordará alavancas críticas de crescimento, desde novas fontes de investimento – como venture capital, capital de crescimento e financiamento governamental – até os desafios regulatórios e de escala para alternativas climaticamente inteligentes e alinhadas com as exigências dos consumidores.

Participe de workshops interativos, degustações e demonstrações ao vivo que apresentam as últimas inovações em laticínios, óleos, gorduras, café e cacau.

“Atualmente, estamos avaliando o potencial da fermentação de precisão sob diversos ângulos: nutrição, sabor, sustentabilidade, aceitação do consumidor, comunicação de produto, além de atender a diferentes exigências regulatórias locais”, explicou a Nestlé.

A entrada de grandes players de CPG (bens de consumo embalados) em projetos de inovação em proteínas alternativas sempre gera expectativas otimistas.

Mas, embora a Nestlé pareça estar investindo seriamente em fermentação de precisão, é pouco provável que a gigante suíça esteja prestes a lançar uma nova linha revolucionária de laticínios sem vaca no varejo dos EUA no curto prazo.

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