A Nestlé anunciou uma parceria inédita com o Banco do Brasil para liberar R$100 milhões em crédito rural destinados a mil produtores de leite em todo o país.
O investimento tem como objetivo ampliar o programa Nature por Ninho, uma das principais iniciativas de agricultura regenerativa da companhia, e acelerar a transição para uma cadeia produtiva mais sustentável.
De acordo com Bárbara Sollero, head de Agricultura Regenerativa da Nestlé, o montante representa um avanço significativo no apoio à produção de leite sustentável.
“Esse valor de R$100 milhões ainda tem grande potencial de crescimento, mas já representa um montante que vai realmente ajudar os produtores a realizar os investimentos necessários. Acelerar a transformação da cadeia do leite é parte central da nossa estratégia”, afirmou Sollero.
Neutralidade de carbono até 2050
O Nature por Ninho integra os compromissos globais da Nestlé para neutralizar suas emissões de carbono até 2050, com metas intermediárias de redução de 20% até 2025 e 50% até 2030. No Brasil, o programa se apoia em três pilares: agricultura regenerativa, circularidade e bioeconomia.
O crédito rural será concedido a produtores interessados em adotar práticas regenerativas, como rotação de culturas, manejo do solo, conservação da água e bem-estar animal. As linhas terão taxas subsidiadas semelhantes às do Plano Safra, variando entre 8% e 12% ao ano.
A liberação dos recursos dependerá da análise do Banco do Brasil e do planejamento técnico da Nestlé, garantindo que o dinheiro seja aplicado em melhorias produtivas e sustentáveis nas fazendas leiteiras.
Banco do Brasil: um parceiro natural
Segundo Sollero, a escolha do Banco do Brasil ocorreu de forma estratégica.
“O Banco do Brasil tem, historicamente, esse reconhecimento no agro, como no próprio Plano Safra. Foi nesse contexto que conseguimos acelerar o modelo. Foi um casamento que funcionou muito bem”, explicou a executiva.
Com forte presença no crédito rural, o Banco do Brasil é o principal agente financeiro do agronegócio brasileiro, o que fortalece a parceria e amplia o alcance do programa entre pequenos e médios produtores.
Expansão para café e cacau
Embora o foco inicial seja a cadeia do leite, a Nestlé também avalia estender a iniciativa para outros produtos estratégicos, como café e cacau — duas categorias emblemáticas na história da marca.
“Precisamos ser criativos, pois os parceiros que fornecem o café verde são as traders e, no caso do cacau, as moageiras. É necessário fazer essas triangulações para conseguir levar o benefício até a ponta”, destacou Sollero.
A executiva reconhece que esses segmentos apresentam maiores desafios logísticos e comerciais, mas reforça o compromisso da empresa em buscar soluções sob medida para cada cadeia produtiva.
Leite: o elo direto com o produtor
A cadeia do leite, segundo a Nestlé, é o ponto de partida ideal para o programa, já que a companhia compra diretamente dos produtores e emite nota fiscal em nome deles. Esse modelo de relacionamento permite maior transparência e acesso facilitado ao crédito.
“Isso facilita as negociações e garante um acesso mais direto. Por conta disso, há a vantagem de começar o projeto de crédito por essa cadeia”, explicou Sollero.
Investimento total de R$150 milhões até 2027
Além do aporte atual, a Nestlé planeja investir R$150 milhões entre 2025 e 2027 na cadeia leiteira, com foco em projetos de transição sustentável. O objetivo é apoiar o produtor na redução das emissões, recuperação do solo e melhoria da produtividade — fortalecendo a tradição leiteira brasileira enquanto prepara o setor para os desafios climáticos e de mercado do futuro.
Identidade e futuro
Com mais de um século de presença no Brasil, a Nestlé reafirma sua aposta na parceria entre tradição e inovação. A agricultura regenerativa surge como um elo entre o passado de famílias produtoras e o futuro sustentável do alimento nacional.
O projeto Nature por Ninho mostra que é possível unir raízes e modernidade, garantindo valor agregado à cadeia produtiva e fortalecendo a identidade do leite brasileiro no cenário global.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Exame