A Nestlé aposta no reflorestamento no Brasil como estratégia para gerar créditos de carbono certificados e alcançar a neutralidade climática até 2050.
A gigante suíça da alimentação anunciou dois projetos robustos de restauração florestal nos estados da Bahia e do Pará, que juntos devem remover até 1,5 milhão de toneladas de CO₂ da atmosfera em um período de 30 anos.
A iniciativa está diretamente ligada à meta global da companhia de plantar 200 milhões de árvores até 2030. No Brasil, serão 11 milhões de mudas em 8 mil hectares, com uma combinação entre restauração de vegetação nativa e sistemas agroflorestais — técnica que integra árvores com cultivos agrícolas, como o cacau.
Café, cacau e leite: o tripé da pegada de carbono
O Brasil foi escolhido como país prioritário por sua relevância na cadeia de suprimentos da Nestlé. Ingredientes como café, cacau e leite são responsáveis por mais de 70% da pegada de carbono da empresa.
Segundo Barbara Sapunar, diretora de Business Transformation e ESG da Nestlé Brasil, o país oferece “condições ideais de clima, biodiversidade e engajamento social para ações de escala”.
Projeto 1: Restauração da Mata Atlântica com a re.green
O primeiro projeto, em parceria com a greentech brasileira re.green, será implantado no sul da Bahia e tem como foco a restauração ecológica de áreas degradadas da Mata Atlântica.
Serão plantadas 3,3 milhões de árvores em mais de 2 mil hectares, com potencial de gerar até 880 mil créditos de carbono certificados.
Além do reflorestamento, o projeto garante manutenção e monitoramento por até 50 anos, com uso de drones, sensores acústicos e auditorias externas.
Espera-se a criação de 160 empregos diretos, além do fortalecimento de cadeias locais de coleta de sementes e prestação de serviços ambientais.
Projeto 2: Agroflorestas com cacau em parceria com a Barry Callebaut
O segundo projeto será executado em parceria com a gigante do setor de chocolate Barry Callebaut. Serão reflorestados 6 mil hectares nos estados da Bahia e do Pará, com 7,7 milhões de mudas integradas à produção de cacau em sistemas agroflorestais.
A estimativa é remover cerca de 600 mil toneladas de CO₂ equivalente em 25 anos.
A iniciativa busca transformar pastagens degradadas e áreas improdutivas em zonas de cultivo sustentável.
O modelo prevê a participação de mais de mil produtores locais, que receberão incentivos financeiros atrelados à captura de carbono e ao sucesso no plantio das mudas, além de insumos e assistência técnica. Também serão criados 27 empregos diretos.
Benefícios ambientais, sociais e econômicos
Ambos os projetos têm como objetivo principal a redução de emissões de gases de efeito estufa e a conservação da biodiversidade.
No entanto, o impacto vai além: há contribuição direta para o desenvolvimento regional, com geração de renda, inclusão de pequenos produtores, capacitação de comunidades e estímulo à agricultura regenerativa.
Além disso, o modelo agroflorestal fortalece a resiliência econômica das famílias produtoras, promove a segurança alimentar e reduz a necessidade de importação de cacau — que hoje representa de 20% a 30% do consumo nacional.
Investimento e estrutura de financiamento
Os valores exatos dos investimentos não foram divulgados. Sabe-se, porém, que a Nestlé financiará integralmente o projeto com a re.green, enquanto a iniciativa com a Barry Callebaut será dividida: 60% financiados pela Nestlé e 40% pela parceira.
Ambas as frentes seguem uma lógica de retorno de longo prazo, não apenas ambiental e social, mas também econômico — com a possibilidade de venda dos créditos de carbono no mercado internacional.
Reflorestamento como estratégia ESG e de negócios
Os projetos no Brasil se tornam referência global dentro da estratégia ESG da Nestlé.
A empresa integra sustentabilidade ambiental, responsabilidade social e governança corporativa como pilares centrais de sua atuação, buscando alinhar-se ao Acordo de Paris e às metas internacionais de descarbonização.
Além disso, a companhia reforça seu compromisso com as metas de:
- Plantar 200 milhões de árvores até 2030;
- Reduzir em 50% suas emissões líquidas até 2030;
- Atingir a neutralidade de carbono até 2050.
Caminho para o futuro
A Nestlé vê os projetos atuais como modelo para expansão em outras regiões do Brasil e até replicação em países vizinhos na América Latina.
O país segue como plataforma prioritária de reflorestamento dentro do plano climático global da empresa.
Com base científica, tecnológica e social, a aposta da Nestlé no reflorestamento brasileiro mostra que é possível gerar valor econômico ao mesmo tempo em que se combate as mudanças climáticas e se promove o desenvolvimento sustentável.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de SCD