Em uma nova fase em sua relação com agricultores brasileiros, especialmente produtores de café e cacau, a gigante Nestlé pretende pagar prêmios de preço não somente pela qualidade do produto, mas também pela sustentabilidade da produção.
Em uma nova fase em sua relação com agricultores brasileiros, especialmente produtores de café e cacau, a gigante Nestlé pretende pagar prêmios de preço não somente pela qualidade do produto, mas também pela sustentabilidade da produção.
Em entrevista à Reuters, o CEO da Nestlé para as Américas, Laurent Freixe, disse ainda que a maior compradora global de café está disposta a ajudar cafeicultores atingidos pela seca e geadas no Brasil, com financiamentos e apoio no replantio de lavouras com variedades que tenham maior tolerância à falta de chuva e pragas, além de serem mais produtivas.
“Hoje já pagamos prêmios, mas ele estão essencialmente relacionados à qualidade. No futuro, pagaremos prêmios pela qualidade e também pela aplicação de técnicas para a agricultura regenerativa”, disse o executivo hoje (6), em uma teleconferência.
“É uma nova dimensão, e o Brasil é muito importante para a Nestlé nesta transformação”, destacou ele, sem especificar o valor dos prêmios.
A ambição integra os planos da companhia para reduzir suas emissões pela metade até 2030 e atingir emissões líquidas zero em 2050.
Dessa forma, a companhia quer recompensar agricultores também pelos benefícios que eles proporcionam ao meio ambiente mediante proteção do solo, manejo da água e sequestro de carbono.
A companhia, que tem parceria com a estatal Embrapa, quer apoiar a assistência técnica para melhores práticas no campo e também facilitar o financiamento para a adoção de tais diretrizes.
A agropecuária responde por quase dois terços das emissões totais de gases de efeito estufa da Nestlé, com laticínios e pecuária respondendo por cerca de 50%.
Freixe disse que, diante dos efeitos da seca e geada para a cafeicultura do Brasil, a Nestlé está pronta a “ajustar” o programa de apoio aos agricultores.
“Estamos comprometidos a apoiar o setor nestes tempos difíceis”, disse ele, admitindo que a companhia já sentiu as consequências das intempéries nos preços mais altos da commodity.
Além dos impactos climáticos, a companhia ainda lida atualmente com questões logísticas, como atrasos no transporte por gargalos no setor de contêineres, e impactos inflacionários em várias partes do mundo.
Mas o executivo disse que os preços mais altos são importantes para motivar produtores a cultivar mais, para garantir a oferta no futuro.
CONTRA EMISSÕES
No Brasil, onde a Nestlé detém 22 fábricas, já são mais de 13,5 mil produtores que têm alguma forma de relacionamento com os programas de qualidade da Nestlé nas cadeias fornecedoras, segundo a companhia.
Na cadeia do leite, Nestlé e Embrapa firmaram este ano uma parceria para pesquisa e desenvolvimento das primeiras fazendas de produção de leite Net Zero e baixo carbono no país. Serão 20 propriedades produtoras de leite que receberão suporte técnico e recomendações para a conversão e redução de carbono.
Essa iniciativa será desenvolvida de forma paralela à primeira parceria fechada com a Embrapa, em fevereiro, para a criação do primeiro protocolo nacional para pecuária de leite de baixo carbono.
Em café, com seu Nescafé Plan, a empresa têm o objetivo de ter a primeira marca de café torrado e moído carbono neutro do país, até 2022 –Nescafé já é o maior de grãos certificados.
Na cadeia de cacau, por meio do programa de certificação Nestlé Cocoa Plan, a empresa foca questões como produção em áreas livres de desmatamento e uso de sistemas agroflorestais, sem utilização de defensivos agrícolas, ênfase na produtividade e rentabilidade das lavouras.
No Brasil, a empresa aumentou o número de propriedades rurais no programa de 270, em 2019, para 1.093 em 2020, utilizando o geomonitoramento, no Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Pará e Rondônia. A meta é ter 100% da cadeia de fornecimento de cacau brasileira certificada até 2025.
KitKat, segundo a Nestlé, é a primeira marca de chocolates a utilizar cacau 100% rastreável, e quer se tornar neutra em carbono até 2025. (Com Reuters)
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