Cientistas americanos se inspiraram na raça Girolando, tipo de gado leiteiro com maior resistência ao clima, para desenvolver uma nova variedade de vacas adaptadas ao ambiente da Tanzânia.
Este avanço visa incrementar a produção leiteira local e auxiliar os agricultores tanzanianos em sua subsistência. Ainda sem um nome definido, esta nova raça de bovinos sustentável combina elevada produtividade leiteira com resistência a altas temperaturas, secas e doenças comuns em animais de regiões tropicais.
Conforme publicado pela equipe da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign na revista “Animal Frontiers”, as vacas desta nova raça podem produzir cerca de 10 litros de leite por dia. Esta combinação, acima citada, resulta em vacas com a capacidade de produzir até 20 vezes mais leite em comparação às raças nativas.
É de conhecimento comum que o gado leiteiro representa uma fonte vital de alimento e renda em muitas regiões tropicais. No entanto, este setor enfrenta vários desafios que impedem o aumento da sua produtividade e sustentabilidade. Estas incluem condições climáticas desfavoráveis, doenças, recursos escassos e qualidade genética inferior dos animais.
Para contornar esses problemas, torna-se essencial implementar programas de melhoramento genético que considerem as particularidades e necessidades locais, além das capacidades de diferentes linhagens genéticas. Neste contexto, uma equipe combinou a alta produção leiteira das vacas das raças Holandesa e Jersey com a resistência ao calor, seca e doenças características do gado Gir, uma raça comum em países tropicais como o Brasil.
A iniciativa na busca pela raça de vacas perfeitas
Cientistas da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, localizada nos Estados Unidos, está na vanguarda de uma iniciativa revolucionária que promete mudar a realidade dos agricultores de subsistência na Tanzânia. Eles desenvolvem vacas sustentáveis com a capacidade de produzir até 20 vezes mais leite do que as raças locais. Matt Wheeler, líder do projeto e professor do Departamento de Ciências Animais da Faculdade de ACES, da Universidade de Illinois, expressou grande entusiasmo com os resultados realizados.
Ele elogiou o esforço dos criadores brasileiros, destacando a prevalência dos girolandos de alto rendimento no Brasil. Wheeler enfatizou que, devido a doenças endêmicas no Brasil, esses animais não podem ser exportados para a maioria dos países. Assim, o objetivo era desenvolver um rebanho saudável nos EUA, capaz de exportar sua genética para diversas partes do mundo.
O pesquisador Wheeler, após o nascimento dos primeiros bezerros nos Estados Unidos, está se preparando para implementar 100 embriões em duas localidades da Tanzânia ainda este mês. Os bezerros que nascerem nesses embriões serão cruzados nas gerações subsequentes para desenvolver uma linhagem de gado “sintético puro”, com uma composição genética de cinco partes de Holstein ou Jersey para três partes de Gir.
Diferentemente dos Girolandos, esta nova raça ainda não possui um nome oficial.
Os sintéticos puros são considerados de grande valor. Isso se deve ao fato de que, uma vez estabilizada a proporção genética de cinco oitavos para três oitavos, essa característica se mantém inalterada. O objetivo da equipe é preservar a resistência a doenças e práticas, enquanto se promove a produção de leite. Este é um desafio específico em países em desenvolvimento até que se alcance a geração de vacas sustentáveis de “sintético puro”.
Junto ao desenvolvimento das vagas sustentáveis, a equipe também está focada no treinamento local. Eles conduziram um curso online sobre tecnologias de reprodução assistida em bovinos, com participantes da Tanzânia. Wheeler ressalta a importância da adaptação cultural: “Precisamos começar do básico com as Jerseys, que se alinham mais com as preferências dos pastores Maasai.
Será um sucesso se forem bem recebidos.“ Embora esteja em fase inicial, o projeto de criação de férias sustentáveis é um passo em direção a uma peculiaridade mais sustentável e adaptada às mudanças climáticas. Wheeler vê o potencial da tecnologia não apenas para a Tanzânia, mas também para proteger o gado nos EUA e globalmente contra os efeitos das mudanças climáticas.
A incorporação de genes adaptados ao trópico em rebanhos de alta produtividade nos EUA poderia oferecer uma melhor resistência ao calor, à seca e às doenças. Wheeler finaliza: “Muitos ainda não pensam tão a longo prazo, mas acredito que no futuro perceberão a vantagem de ter incorporada genética tropical mais cedo.”
O Programa de Melhoramento Genético do Girolando (PMGG), que tem como objetivo propagar genética para o setor leiteiro, foi mencionado no artigo científico como um case de sucesso de cruzamentos genéticos.