Por outro lado, os sucessivos aumentos da inadimplência das famílias (variação de 8% em doze meses), endividadas em linhas de crédito caras, geram incertezas sobre o desempenho da economia.
A despeito desta recente evolução na economia, as importações de lácteos em grandes volumes têm criado um desafio adicional para o setor. Para reverter a queda da demanda provocada pela inflação galopante destes alimentos, verificada em meados de 2022, houve aumento expressivo do volume de importação de produtos lácteos, que estão sendo internalizados em volumes não registrados desde 2016, chegando a 205,5 milhões de litros equivalente leite, no mês de junho. Foi o menor saldo da balança comercial de leite e derivados registrado nos últimos anos que, comparado a 2022, representou um aumento de 197% nas importações e uma redução de 51% nas exportações. No acumulado do ano até junho, a importação está próxima de 10% do volume de produção inspecionado. Historicamente esse percentual fica abaixo de 5%.
Esse movimento contribuiu para a queda nos preços de leite e derivados, que despencou de uma variação acumulada em 12 meses de 41,2% em julho de 2022 para 5,19% em junho de 2023. O primeiro semestre de 2023, observa-se deflação de -2,83%. Mesmo com essa queda no mercado doméstico, os preços dos produtos importados ainda estão mais competitivos quando comparados aos nacionais, mas a diferença está diminuindo nos últimos meses. O preço médio da muçarela nacional, por exemplo, caiu para R$ 25,10/kg no último mês, mas a diferença de preço do produto importado ainda é grande, de 27%.