A sustentabilidade dominou as discussões no Milk Summit Brazil 2025, aberto nesta terça-feira (14) em Ijuí, no Noroeste do Rio Grande do Sul — região responsável por 60% da produção estadual de leite cru.
O evento, promovido pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), reúne durante dois dias produtores, indústrias e instituições públicas e privadas em um amplo debate sobre o futuro do setor lácteo.
Realizado no Parque de Exposições Wanderley Burmann, o encontro é organizado pelo Fundoleite e conta com o apoio do Sindilat/RS, da Emater/RS-Ascar e da Prefeitura de Ijuí. A programação inclui 21 palestras e quatro mesas de debate, com mais de 700 participantes, entre pesquisadores, produtores e lideranças do agronegócio.
Durante a abertura, o secretário da Agricultura, Edivilson Brum, destacou que a pecuária leiteira é uma das atividades que mais gera emprego e renda no campo gaúcho. “O leite mantém famílias no interior e movimenta a economia. Nosso desafio é garantir competitividade com sustentabilidade, preparando o setor para as próximas gerações”, afirmou o secretário, ao apresentar o primeiro painel do evento.
Segundo dados da Emater/RS-Ascar, a região de Ijuí produz 741,9 milhões de litros de leite por ano, sustentados por um rebanho de mais de 150 mil vacas. Essa atividade representa R$ 2,03 bilhões em Valor Bruto da Produção (VBP), consolidando o município como o verdadeiro coração do leite gaúcho.
O presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela, destacou o simbolismo de realizar o encontro justamente onde pulsa a principal bacia leiteira do Estado. “O Milk Summit nasce para ser um espaço permanente de diálogo e inovação, projetando o Rio Grande do Sul como referência nacional em produtividade e sustentabilidade”, ressaltou.
O coordenador do evento, Darlan Palharini, reforçou que o propósito é unir diferentes elos da cadeia e incentivar a cooperação entre produtores, indústrias e instituições de pesquisa. “Queremos conectar o campo e a ciência, transformando o conhecimento em eficiência e sustentabilidade prática”, afirmou.
Além das discussões locais, o evento abriu espaço para visões internacionais sobre a sustentabilidade da pecuária leiteira. O Dr. Ralf Loges, pesquisador da Universidade de Kiel (Alemanha), apresentou estratégias aplicadas na Europa para equilibrar desempenho produtivo e conservação ambiental. Ele destacou o manejo eficiente de nutrientes, a integração lavoura-pecuária e o uso de cruzamentos genéticos para desenvolver animais mais adaptados a sistemas de pasto.
“Temos produtividade elevada, mas precisamos reduzir emissões e perdas de nutrientes. O futuro da agricultura depende do equilíbrio entre produzir bem e preservar recursos”, afirmou Loges. O especialista coordena experimentos de longo prazo na estação Lindhof, medindo o sequestro de carbono no solo e a eficiência da ciclagem de nutrientes em fazendas leiteiras.
Inspirado em modelos como o europeu, o governo gaúcho vem implementando políticas públicas voltadas à agricultura regenerativa, baseadas em três pilares: gestão de pessoas, bem-estar animal e sustentabilidade ambiental. Entre as iniciativas em andamento, estão o Programa de Irrigação, o Fundoleite e o Bônus Mais Leite, que subsidia operações de crédito do Plano Safra 2025/2026.
“Queremos que o Rio Grande do Sul seja referência em leite sustentável e competitivo. Isso passa por inovação, capacitação e integração das cadeias produtivas”, reforçou o secretário Brum.
Além dos painéis técnicos, o Milk Summit Brazil oferece atividades interativas dentro da programação da Expofest, como jogos educativos sobre manejo, nutrição e bem-estar animal. Um dos desafios propostos ao público é “ajudar o produtor a superar obstáculos e aumentar a produção de forma sustentável”, reforçando o conceito central do evento: produtividade e responsabilidade ambiental caminham juntas.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação
