ESPMEXENGBRAIND
8 nov 2025
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🥛 O consumo de leite no Brasil chega a 116,7 litros por pessoa ao ano, mas seus efeitos e benefícios ainda despertam debate entre ciência e tradição.
🧫 Da cor à digestão: entenda como o leite, consumido há 10 mil anos, segue sendo um dos alimentos mais presentes — e questionados — do Brasil.
🧫 Da cor à digestão: entenda como o leite, consumido há 10 mil anos, segue sendo um dos alimentos mais presentes — e questionados — do Brasil.

O leite ocupa um lugar singular na dieta brasileira. Segundo o Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o consumo médio anual no país chega a 116,7 litros por habitante, consolidando o produto como um dos pilares da mesa nacional. A acessibilidade, o valor nutricional e a tradição milenar ajudam a explicar essa permanência.

Mas a história do leite vai muito além da garrafa longa vida no supermercado. Há cerca de 10 mil anos, durante a Revolução Agrícola, o ser humano aprendeu a domesticar cabras e vacas — e, a partir daí, se tornou o único animal que consome leite na vida adulta. Uma escolha que até hoje é alvo de curiosidade, estudos e controvérsias.

🔬 A cor do leite e o papel da caseína

Entre as perguntas que cercam o produto, uma das mais simples — e fascinantes — é: por que o leite é branco? A resposta está nas proteínas, explica a professora Mariana Munik, mestre em Engenharia de Materiais e Nanotecnologia.

Segundo ela, a caseína, que representa cerca de 80% das proteínas do leite, é o principal fator responsável por essa coloração. No entanto, outros elementos também entram em jogo: a alimentação do animal, a espécie e até o armazenamento podem modificar o tom do leite, conferindo-lhe nuances amareladas.

🧬 Crescimento e nutrição: o leite na juventude

A ciência continua a explorar os impactos do consumo de leite no desenvolvimento humano. Um estudo publicado no The Journal of Nutrition revelou que o consumo regular de leite durante a infância e adolescência tem efeito direto na altura dos jovens.

Pesquisadores observaram que a cada 236 ml adicionais de leite por dia, a altura média aumentou 0,39 cm. Os resultados reforçam a influência nutricional do leite e seus derivados no crescimento, especialmente em populações com dietas equilibradas.

O dado é simbólico num país em que políticas públicas e campanhas de incentivo ao consumo de lácteos ainda buscam equilíbrio entre saúde, preço e acesso.

🥛 UHT: a tecnologia por trás do leite longa vida

Se há algo que o brasileiro domina, é a arte de consumir leite UHT, o famoso “longa vida”. A sigla vem do inglês Ultra High Temperature, e descreve um processo de aquecimento e resfriamento instantâneo do leite, que o torna seguro e estável por até quatro meses dentro da embalagem fechada.

Na Marajoara Laticínios, uma das indústrias de destaque em Goiás, o processo começa com o recolhimento do leite in natura de produtores parceiros. Após testes rigorosos de qualidade, o produto é submetido a uma pasteurização de alta precisão, onde a temperatura chega a 140 °C por poucos segundos — eliminando microrganismos sem comprometer o valor nutricional.

Segundo o diretor-geral da empresa, Vinícius Junqueira, esse controle é essencial para garantir a segurança alimentar e prolongar a validade, sem uso de conservantes.

⚕️ Intolerância, alergia e o desafio da digestão

Apesar dos benefícios, o leite não é universalmente bem recebido pelo organismo. Duas condições costumam gerar confusão: a intolerância à lactose e a Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV).

A nutricionista Yumi Kuramoto, do centro clínico Órion Complex, explica que a intolerância ocorre quando o corpo não produz lactase suficiente, enzima que quebra a lactose — o açúcar natural do leite. “Hoje há inúmeras opções sem lactose e tratamentos que permitem a adaptação”, afirma.

Já a APLV é uma condição imunológica mais grave. O sistema de defesa reconhece a caseína, proteína do leite, como um agente invasor e reage de forma inflamatória. Nesse caso, todo tipo de leite animal deve ser evitado, mesmo os sem lactose.

A diferença entre as duas condições é crucial para consumidores e para a indústria, que vem ampliando portfólios de produtos alternativos — de bebidas vegetais a iogurtes sem proteína animal — para atender novas demandas sem perder o vínculo com o legado lácteo.

🧀 Entre tradição e inovação

Do campo à indústria, o leite permanece como símbolo de nutrição, cultura e desafio tecnológico. O consumo de 116,7 litros por habitante reflete não apenas hábito, mas também confiança num alimento que atravessa gerações.

Ao mesmo tempo, o setor lácteo brasileiro enfrenta a necessidade de inovar com responsabilidade, conciliando tradição e ciência. Seja na pesquisa de novos processamentos, no combate ao desperdício ou na inclusão de consumidores com restrições alimentares, o leite segue sendo muito mais do que um alimento: é um espelho da própria evolução humana.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Liberal

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