Embrapa Gado de Leite completa 50 anos impulsionando a produção e a produtividade da cadeia de leite no país, graças à pesquisa científica, parcerias público-privadas e avanços genéticos.
Hoje, o Brasil já supera a marca de 35 bilhões de litros de leite produzidos anualmente.
Hoje, o Brasil já supera a marca de 35 bilhões de litros de leite produzidos anualmente.

Na década de 1970, o Brasil enfrentava uma série de crises no abastecimento de diversos produtos agrícolas. Filas enormes eram comuns para comprar itens essenciais como feijão, arroz, carne e leite.

No caso do leite, em 1973, a produção nacional não chegava nem a 8 bilhões de litros anuais, com uma média de produtividade por vaca inferior a 700 litros por ano. No entanto, o panorama mudou consideravelmente na cadeia leiteira desde então.

Hoje, o Brasil já supera a marca de 35 bilhões de litros de leite produzidos anualmente, com a produtividade média do rebanho sendo mais de três vezes superior à registrada há 50 anos.

Esse progresso notável na produção e na produtividade da indústria leiteira brasileira é resultado principalmente da pesquisa científica, impulsionando um aumento de quase 100 litros por habitante nesse período, elevando o consumo médio de leite de 75 litros para 170 litros recentemente.

Naquele momento, os desafios de pesquisar, desenvolver e transferir tecnologias para uma atividade presente em praticamente todos os municípios brasileiros, com diferentes níveis de tecnificação, eram enormes.

A missão inicial da unidade de pesquisa era “viabilizar o aumento do consumo de leite e derivados por meio do aumento de sua oferta”.

O programa de implantação da unidade determinava que os estudos deveriam estar focados na implantação de sistemas de produção que permitissem uma abordagem abrangente dos problemas a serem resolvidos pela pesquisa.

Para atender a essas questões, em 1977, foi criado dentro da Embrapa o “Sistema de Produção de Gado Mestiço”, com um rebanho de composição genética mestiça entre as raças holandesa e zebu, criado principalmente a pasto, com uma escala de produção e um modelo de exploração de média tecnologia que representava uma grande parcela das fazendas produtoras de leite do Brasil naquela época.

Além disso, foi estabelecido o Projeto de Acompanhamento de Fazendas, um trabalho pioneiro de prospecção dos problemas da atividade e transferência de tecnologias. Foram realizadas ações de acompanhamento do desempenho de sistemas de produção de leite, inicialmente em propriedades de Minas Gerais e Rio de Janeiro, e posteriormente em todo o país.

Cruzamentos genéticos e seleção para aprimorar raças leiteiras

Foi nesse momento que o foco inicial se voltou para as raças bovinas, dando início às pesquisas sobre o mestiço leiteiro brasileiro e estratégias de cruzamento para produzir uma raça leiteira que reunisse as características de alta produção inerentes ao Bos taurus (como a raça holandesa) com a adaptabilidade às condições tropicais, características do Bos indicus (como a raça gir).

Essas bases foram essenciais para os programas de melhoramento animal voltados à produção de leite em condições tropicais, coordenados pela Embrapa em parceria com as associações nacionais de criadores.

O modelo de parceria público-privada foi um grande sucesso, resultando no desenvolvimento da raça gir leiteiro, pioneira em 1985, seguida da raça guzerá em 1994 e do girolando em 1997, que impulsionaram significativamente a produtividade e permitiram a disseminação de genética superior adaptada às diferentes regiões do país.

Além disso, a pesquisa também se concentrou na avaliação genética das raças holandesa em 2003 e, mais recentemente, da raça jersey, em 2022.

Profissionalização da cadeia produtiva

É importante lembrar que, até o início da década de 1980, a pecuária nacional não possuía critérios objetivos e precisos para a organização da reprodução. De maneira empírica, os pecuaristas realizavam cruzamentos entre animais com características de interesse, como boa produção leiteira, mas nem sempre obtinham descendentes com o mesmo desempenho.

Para resolver esse problema, a Embrapa Gado de Leite traçou o perfil genético dos reprodutores e organizou o primeiro sumário com o valor genético dos animais, orientando e organizando a reprodução.

Essa ação não apenas profissionalizou a cadeia produtiva do leite ao destacar o valor reprodutivo de cada animal por meio da genética, mas também foi pioneira nesse trabalho no país. Posteriormente, surgiram os sumários para o gado de corte e outras criações animais.

Outro destaque na atuação da Embrapa Gado de Leite é o melhoramento genético vegetal. Até o início da década de 1980, os sistemas pecuários no Brasil eram predominantemente extensivos, baseados no uso de pastagens de gramíneas pouco produtivas e de baixo valor nutricional, resultando em baixas taxas de lotação e desempenho animal. Atualmente, as cultivares melhoradas associadas ao manejo adequado das pastagens se expandiram por todos os biomas do país.

A Embrapa Gado de Leite desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento de diversas forrageiras, começando com o capim-elefante pioneiro, destinado à alimentação de vacas leiteiras, seguido por outras variedades como o capim-braquiária e o capim-elefante napier.

Transferência de tecnologia 

Ao longo dos anos, Embrapa Gado de Leite desenvolveu e promoveu uma ampla variedade de programas de treinamento e extensão rural, que incluíam dias de campo, cursos, palestras, publicações técnicas, programas de rádio e TV, além de consultorias diretas aos produtores e empresas.

A aproximação com o setor produtivo e a sociedade civil organizada foi uma constante durante os 50 anos de existência da Embrapa Gado de Leite, permitindo que as tecnologias desenvolvidas chegassem aos produtores e fossem efetivamente aplicadas, contribuindo para o crescimento e a sustentabilidade da atividade leiteira no Brasil.

Futuro da indústria leiteira brasileira

A pesquisa científica, aliada a parcerias público-privadas, contribuiu para o desenvolvimento de raças adaptadas às condições tropicais, o aprimoramento genético de rebanhos e pastagens, além da disseminação de tecnologias e conhecimentos aos produtores rurais.

Esses avanços têm impulsionado a indústria leiteira nacional, que hoje ocupa posição de destaque mundial. Com um futuro promissor, o setor leiteiro brasileiro continua em constante evolução, buscando soluções inovadoras para enfrentar os desafios e atender às demandas do mercado, garantindo o abastecimento de um produto essencial para a alimentação e o desenvolvimento do país.

 

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