Há quatro gerações que a família do Fundão trabalha os sabores dos queijos locais. Detêm hoje o título do melhor queijo do mundo — que está completamente esgotado.
Foi Sónia quem escolheu os queijos a levar a concurso, com a ajuda de Joaquim, Nuno e Hélder, o filho do casal.
Foi Sónia quem escolheu os queijos a levar a concurso, com a ajuda de Joaquim, Nuno e Hélder, o filho do casal.

Em cima das mesas estavam perto de cinco mil queijos, oriundos de 47 países. Procurava-se um candidato ao título de melhor queijo do mundo e a escolha recaiu sobre um exemplar feito em Portugal, mais precisamente no Fundão. “Recebi um e-mail a informar que estávamos na lista dos 14 finalistas, mas nem vi. Depois ligaram-me do Reino Unido e nem estava a associar, só quando mencionaram a palavra ‘cheese’ é que me lembrei e nem sabia como reagir”, recorda Sónia Marollo, esposa de Nuno Alves, atual dono da queijaria da Soalheira, no Fundão.

Num ápice, o nome do queijo feito na empresa familiar correu o mundo e deu origem a uma legião de pretendentes. E embora os concursos não sejam estranhos à família Alves, a notícia foi recebida com estupefação. “Nesse momento parece que deixe de saber ler em espanhol, português ou inglês. Bloqueei. Não estava mesmo nada à espera”, recorda a espanhola que há 21 anos se dedica também ao negócio fundado pelo sogro, Joaquim Alves.

 

Queijo, o alimento mais apreciado do mundo: o seu sabor, o seu papel cultural e os seus benefícios para a saúde

O projeto da queijaria nasceu em 1983, quando Joaquim Alves e Maria José Lucas regressaram de França, país que os acolheu um par de anos antes, quando decidiram emigrar. “Estiveram lá cerca de dois anos, mas não se adaptaram e voltaram. Assim que cá chegaram, p Joaquim decidiu recuperar o antigo ofício do pai e passou a recolher leite nos agricultores para coalhar e depois fazer queijo. A Maria José também se juntou à equipa e juntos fundaram a Queijaria Quinta do Pomar”, explica Sónia.

Estudou, fez uma seleção do melhor leite fresco da região e em casa coava-o com cardo, antes da fase da cura. Os filhos acabariam por se juntar a ele na missão de fazer crescer o negócio familiar e hoje, depois da reforma do patriarca, é o filho Nuno quem gere a fábrica e também a loja, inaugurada em 2015.

 

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É ali que é produzido o queijo de ovelha curado que valeu o prémio de melhor do mundo à Queijaria Quinta do Pomar, na 36.ª edição dos World Cheese Awards, que decorreu pela primeira vez em Portugal, de 15 a 17 de novembro, no Pavilhão Multiusos, em Viseu.

Este não foi o primeiro concurso da família, que costuma “estar a par de tudo”. Nem sequer é o primeiro prémio conquistado, mas nenhum dos anteriores tinha esta dimensão global.

Foi Sónia quem escolheu os queijos a levar a concurso, com a ajuda de Joaquim, Nuno e Hélder, o filho do casal. “Nunca fazemos nada propositado para as competições, porque seria um desperdício. Apenas escolhemos o que temos em loja, dentro do que nos parece que pode ser mais surpreendente. Neste caso tirei oito queijos de um lote enxertado do de ovelha curado e deixei lá cerca de 100. No sábado de manhã, após sair a notícia, foram todos vendidos. Foi inesperado. Uma loucura. Mas muito bom.”

 

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Escusado será dizer que a família Alves vive obcecada com o queijo. “Costumo dizer que o Nuno respira queijo e que contamina todos à sua volta”, brinca Sónia. “Desde que casamos, há 21 anos, que também vivo para isto; e o nosso filho, o Hélder, vai pelo mesmo caminho. Estamos muito envolvidos no meio, as nossas férias são sempre relacionadas com gastronomia e adoramos estudar mais e pesquisar sobre o tema.”

Os exemplares do queijo premiado desapareceram. Nem sobraram alguns para “oferecer a pessoas especiais”. E como as produções são sempre pequenas, os pretendentes terão que esperar que o queijo ainda em fase de maturação chegue ao ponto ideal. “Neste momento não temos nenhum, mas também não podemos apresar o processo. Este queijo precisa de tempo e não podemos facilitar.”

Os pedidos multiplicaram-se nos últimos dias. De todo o território nacional e alguns países como Inglaterra chegam pedidos para comprar o queijo especial, que custa cerca de 19€.

O segredo do queijo da Quinta do Pomar

Toda a produção passa pelas mãos de Nuno, que prova, faz as investigação e ajusta os parâmetros até chegar ao ponto ideal. No caso deste amanteigado, o objetivo passa por fugir do sabor mais comum, torná-lo mais adocicado, mais cremoso e menos líquido. “Ele tem uma perceção diferente, talvez ganha pelos anos dedicados a este mundo, a observar o pai e antes os avós a fazerem o queijo”, salienta a mulher.

“O leite é recolhido pelo Nuno para garantir que vem fresco e com as características necessárias, depois é coado com cardo da região e leva apenas sal. Fica com um toque floral e fica com um paladar muito suave”, explica. Este cuidado faz com que sejam necessários cerca de dois meses para que um lote com 800 queijos fique pronto. Depois é vendido na loja da família e em pontos de venda específicos espalhados pelo País.

 

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O queijo premiado está esgotado

Antes de receberem a distinção, vendiam cerca de 200 exemplares por semana. Agora esperam que esses números aumentem exponencialmente, face à procura dos últimos dias. “Este não é um queijo para se comer todos os dias. É bom para abrir em família e tem de ser comer durante esse dia”, refere.

Para quem não gosta deste tipo de queijo, há no catálogo da família outras propostas, de exemplares de mistura com leite de cabra e ovelha, outros apenas de cabra, um queijo de ovelha curado e um fumado, outro com alecrim, e ainda um picante, em homenagem aos avós de Nuno. “Este último demorou muito tempo a chegar ao ponto que queríamos. Fizemos vários testes até chegar ao resultado parecido ao da Xica Marota.” O investimento compensou: é um dos bestsellers da queijaria, a par do de mistura de cabra e ovelha, vendidos a 14€.

As encomendas podem ser feitas na loja da Soalheira, no Fundão. Mas quem preferir pode sempre ligar para a queijaria e encontrar o ponto de venda mais próximo da sua morada. Para os que gostam de experimentar antes de comprar, a família organiza provas de queijo para grupos. O evento fica por 12€ por pessoa e são demonstradas várias formas de acompanhar cada queijo produzido na casa.

Cada vez mais empresas se unem com outras numa parceria conhecida como collab e que une marcas famosas em vigorosos e rentáveis projetos comerciais e de marketing.

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