Os queijos finos do Paraná voltam a ganhar destaque no cenário internacional.
O Biopark Educação, instituição de pesquisa e inovação localizada no Oeste do estado, participa pela primeira vez do Mondial du Fromage et des Produits Laitiers, realizado em Tours, na França, entre 14 e 16 de setembro.
O projeto apresenta ao público europeu três novas criações: Abaporu, Crepúsculo e Maru Maru, que se somam ao histórico de excelência do centro paranaense, já reconhecido pelo queijo Passionata, eleito o nono melhor do mundo no World Cheese Awards 2023.
O representante do Biopark no evento é o pesquisador Kennidy Bortoli, engenheiro de alimentos de 32 anos, que construiu sua trajetória na produção de queijos a partir de memórias da infância em Pinto Madeira (RS).
Foi com a avó Maria, em práticas artesanais de ordenha e maturação, que o interesse pelo tema nasceu. “Acordávamos às 4 da manhã para tirar leite e depois preparávamos os queijos, que maturavam no porão”, relembra.
Desde 2019, Bortoli integra a equipe do Biopark Educação após ser selecionado em um processo que buscava profissionais qualificados para pesquisa, desenvolvimento e escalonamento de produção de queijos finos. “Trabalho há seis anos com aquilo que escolhi como vocação.
Os resultados que temos alcançado refletem o trabalho e alinhamento de toda equipe envolvida no projeto”, afirmou.
Além de representar o Brasil no concurso, Bortoli terá uma conquista pessoal importante: será o segundo — e mais jovem — brasileiro a receber o título de maitre fromagerie pela Guilde Internationale des Fromagers, organização francesa que reconhece profissionais de destaque no setor.
A visão de Carmen Donaduzzi
O Projeto de Queijos Finos do Biopark é fruto da visão empreendedora de Luiz e Carmen Donaduzzi, doutores em Farmácia formados na França e fundadores do parque tecnológico.
A empresária Carmen Donaduzzi também será homenageada pela Guilde Internationale, em reconhecimento ao estímulo à produção de queijos de excelência e ao fortalecimento do clube brasileiro da entidade.
“A ambição do Biopark é promover desenvolvimento regional por meio do conhecimento. Estamos em uma região de forte produção leiteira, ainda pouco valorizada. Com tecnologia e suporte, entregamos gratuitamente aos pequenos e médios produtores as condições necessárias para que esse potencial se torne realidade”, destacou.
Segundo ela, o Biopark já desenvolveu quase 100 tipos de queijos, promovendo valor agregado e ampliando as oportunidades comerciais para famílias de produtores locais.
O impacto internacional
O Mondial du Fromage et des Produits Laitiers é realizado a cada dois anos e é considerado um dos concursos mais prestigiados do setor. Diferente de outros eventos franceses, é o único que recebe queijos produzidos fora do país. O Brasil participa desde 2015 e, na última edição, conquistou 81 medalhas.
Os queijos inscritos são avaliados por critérios rigorosos, que incluem aparência, aroma, sabor, textura e equilíbrio. Os 12 melhores avançam para uma etapa final, julgada por um corpo técnico de jurados supremos.
Nesta sétima edição, o Biopark Educação marca presença pela primeira vez, reforçando a estratégia de internacionalização de seus produtos e a aposta em ingredientes tipicamente brasileiros aliados a técnicas tradicionais.
Além de competirem, tanto Bortoli quanto Carmen Donaduzzi foram convidados para atuar como jurados do concurso, reconhecimento ao conhecimento técnico e à contribuição ao setor de lácteos no Brasil.
Consolidação do Oeste paranaense
O projeto de queijos finos do Biopark tem como objetivo posicionar o Oeste do Paraná como referência internacional na produção de queijos de qualidade, fortalecendo a cadeia leiteira local.
O modelo integra pesquisa acadêmica, inovação tecnológica e suporte direto a pequenos e médios produtores da região, alinhando desenvolvimento econômico e social.
Para Kennidy Bortoli, a participação em eventos como o Mondial du Fromage é um marco: “Assim como na nossa estreia internacional, optamos por ingredientes tipicamente brasileiros e técnicas tradicionais adaptadas à nossa realidade”.
A expectativa é de que a presença brasileira no concurso francês contribua para a abertura de novos mercados, consolidando a imagem do país como produtor de queijos diferenciados e de alto valor agregado.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Diário Indústria & Comércio – Notícias