A Parmalat e uma forte marca do setor alimentício, com mais de 50 anos de existência e considerada uma das rivais da Nestlé, afinal os seus produtos batem de frente com os da marca suíça, passou por momentos extremamente conturbados, com direito à proibição da Anvisa até mesmo falência.

A Parmalat, fundada em 1961, mas que desembarcou em terras brasileiras somente na década de 70. Não demorou muito para ela conquistar o coração dos brasileiros, ainda mais pelos bichinhos fofos que apareciam em sua propaganda de leite.

A histórica Parmalat

Como mencionamos, a marca foi criada em 1961 na Itália, por Calisto Tanzi. Segundo o portal UOL, esse estimado empresário queria se transformar no “magnata do leite”, tanto é que conseguiu e a Parmalat viveu tempos de glória, fora e dentro do Brasil.

Desenvolvendo novas soluções, como o leite longa vida, que consegue durar seis meses sem perder as propriedades nutricionais, logo a empresa ganhou fama e alcançou a liderança de vendas na Itália.

Ainda na década de 70, a Parmalat começou a patrocinar a equipe Brabham de Fórmula 1, onde o piloto Nelson Piquet começou a correr anos depois, e o time de futebol Parma, onde atuou em esquema de cogestão*

*A cogestão é um modo de administrar que inclui o pensar e o fazer coletivo, sendo, portanto, um diretriz ético-política que visa democratizar as relações no campo da saúde.

Ainda de acordo com o portal Uol, foi exatamente nessa época que a Parmalat começou a construir um verdadeiro império.

A marca passou a desenvolver uma versão do comercial dos mamíferos, cujo qual já fazia um certo sucesso na década de 70, mas que ganhou um verdadeiro BOOM nos anos 90.

Garanto que muitos que estão lendo devem se lembrar muito bem desse fato, não é mesmo?  O comercial que era composto por crianças vestidas de animais, fez a marca chegar em um patamar ainda mais alto na sua popularidade.

Muitos grandinhos, que na época eram baixinhos, assim como essa que vos escreve, deve ter colecionado os bichinhos da Parmalat, ou ainda sonhava em participar um dia desse comercial que passava na TV. Com todo esse apelo, os consumidores passaram a criar referências com a marca e a consumir ainda mais em seu dia a dia.

Sucesso nos campos

Vale destacar que ainda na década de 90 (1992), uma parceria de sucesso alavancou ainda mais a Parmalat, isso porque a empresa decidiu fechar com o time do Palmeiras, iniciando assim a sua “era de ouro”. Mas esse não foi um fato isolado, visto que a empresa já tinha patrocinado times da:

• Argentina (Boca Junior e Estudiantes)
• Chile (Universidad Católica, Audax Italiano)
• Uruguai (Peñarol)
• Equador (LDU)
• França (Olympique de Marseille)
• Rússia (Dínamo de Moscou)
• Portugal (Benfica)
• Espanha (Real Madrid)
• México (Toros Neza)
• E até a seleção dos Estados Unidos.

Na época, o Palmeiras vivia uma fase complicada. O jejum de títulos durava 16 anos. Com uma injeção de dinheiro e um planejamento bem feito, a parceria Palmeiras-Parmalat fez com que o time voltasse a gritar “campeão” na época.

No ano de 1993, o chamado “Verdão” levou o Campeonato Paulista goleando o Corinthians na final por 4 a 0.11

Já em 1994, o Palmeiras levou o bi do Brasileirão, e, na Libertadores, o mesmo massacrou o Boca Juniors no Palestra Itália em noite de gala de Mazinho. O placar de 6 a 1 foi a maior derrota do time argentino até então.

Em 1996, o Palmeiras venceu o Paulistão. Em 1998, a Copa Mercosul e a Copa do Brasil. Em 1999, veio a conquista da Libertadores, o título mais importante para o clube na época e que ainda é lembrado.

Nos anos 2000, a parceria com a Parmalat terminou, mas, no primeiro semestre, o clube venceu o Torneio Rio-São Paulo e a Copa dos Campeões (campeonato que reunia os principais clubes brasileiros na época), além de ser vice-campeão da Copa Mercosul pela segunda vez e da Libertadores.

Momentos de ruína…

Mas, no ano de 2003, a Parmalat começou a atravessar uma crise. De acordo com o Uol, a situação explodiu quando a empresa disse que uma conta nas Ilhas Cayman, que teria saldo de 4 bilhões de euros (o que equivale a R$ 21 bilhões, na conversão livre), era inexistente.

Os executivos então procuraram a proteção da lei de falências e começaram os processos. Mas as autoridades italianas descobriram, mais tarde, que Tanzi tinha escondido quadros de Pablo Picasso, Claude Monet e Vincent van Gogh para que não fossem tomados pelos credores, cujas peças foram leiloadas somente no ano de 2019.

A falência fraudulenta ocorreu em dívidas que superavam os 14 bilhões de euros (R$ 71 bilhões, em conversão livre). Sendo assim os patrocínios para os esportes cessaram.

Falência e proibição da ANVISA

Em 2005, a Parmalat Brasil acabou entrando em recuperação judicial, graças à lei que havia sido aprovada meses antes. Anos depois, a Laep Investments comprou a empresa.

Mas no ano de 2007, uma nova crise veio à tona envolvendo uma SEVERA proibição: Dois lotes de leite da empresa foram apreendidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), porque estavam com suspeita de adulteração por soda cáustica e peróxido de hidrogênio.

A investigação então descobriu que duas cooperativas de Minas Gerais, que vendiam leite para Parmalat e outras empresas, estavam contaminando o produto*

Mais escândalos…

Outra situação ainda mais escandalosa, envolvendo a marca ocorreu neste mesmo ínterim. Segundo o portal G1, Calisto Tanzi, antigo dono da marca, foi preso no ano de 2011 e condenado a 8 anos de prisão.

Na época, a imprensa internacional informou que agentes policiais chegaram no começo da tarde à residência de Tanzi, em Parma, no norte da Itália, para executar a ordem de prisão emitida pela procuradoria de Milão após a sentença do Supremo.

Tanzi acabou morrendo de pneumonia em um hospital de Parma no dia 1º de janeiro de 2022, aos 83 anos de idade.

Como a Parmalat conseguiu dar a volta por cima?

Mas você deve estar nesse exato momento se perguntando: “Como aconteceu tudo isso com a Parmalat e ela continua forte no mercado?”

Pois é, naquele mesmo ano de 2011, após todos esses escândalos envolvendo o fundador e a marca, a empresa acabou sendo comprada pela francesa Lactalis, que acabou adquirindo o controle acionário da Parmalat em nível global.

A empresa retomou as atividades no Brasil apenas no ano de 2015, cujo retorno foi marcado pela volta do comercial dos mamíferos, causando sentimentos nostálgicos na maioria.

Na fanpage lançada em 2015, junto com a campanha, a marca já havia alcançado mais de 9,2 mil fãs. Atualmente ela continua sendo comercializada nos principais pontos de vendas e supermercados, em todo o país.

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