Em abril de 2008, a Laep Investments, controladora indireta da Parmalat do Brasil, anunciou a compra da unidade de Poços de Caldas da Danone por um valor de R$ 50 milhões. Esta operação estratégica foi conduzida pela Só-Nata, subsidiária da Laep, e incluiu todos os ativos relacionados, entre eles a renomada linha de produção de requeijão.
Além da compra, a Parmalat garantiu uma licença de 15 anos da marca Paulista, permitindo a produção e venda de requeijão, manteiga, creme de leite fresco, leite em pó e leite pasteurizado no Brasil, Bolívia e Paraguai.
Consolidação e expansão regional
Naquele período, a indústria láctea brasileira estava passando por um processo de consolidação acelerada. Essa aquisição permitiu à Parmalat fortalecer sua capacidade produtiva e se reposicionar em um mercado competitivo, com foco em produtos chave como o requeijão.
A inclusão de mercados vizinhos, como Bolívia e Paraguai, refletiu a intenção de expandir sua presença em regiões com menor saturação de marcas fortes, especialmente nas categorias premium e commodities.
O papel estratégico de Poços de Caldas
A unidade adquirida, conhecida pela excelência na produção de requeijão, ofereceu à Parmalat a oportunidade de otimizar sua logística e explorar seu potencial como centro estratégico de exportação regional. Esse movimento prometia não apenas melhorar a eficiência operacional, mas também consolidar a empresa em mercados de crescente relevância na América do Sul.
Contexto da indústria e desafios
Por outro lado, a Danone estava focada em categorias de maior valor agregado, como nutrição infantil e alimentos funcionais, o que explicava sua decisão de desinvestir em Poços de Caldas. Essa estratégia global permitiu à Danone otimizar seu portfólio enquanto mantinha uma presença sólida no Brasil.
No entanto, os desafios para a Parmalat não eram pequenos. O mercado brasileiro de laticínios era marcado por volatilidade econômica, altos custos de produção e complexidades logísticas. Além disso, integrar eficientemente os ativos adquiridos e revitalizar a marca Paulista exigia uma execução impecável.
Uma história de altos e baixos
Apesar da promessa inicial, a história dessa aquisição tomou um rumo inesperado. Em agosto de 2008, apenas quatro meses após a compra, a Laep Investments vendeu os ativos de Poços de Caldas e os direitos da marca Paulista para a empresa Morrinhos, com sede em Goiás. Esse desfecho evidenciou a volatilidade e os riscos inerentes às operações da indústria láctea brasileira na época.
Este capítulo na história da Parmalat destaca os desafios de consolidar posições em um setor altamente competitivo e as oportunidades de expansão regional. Embora a operação não tenha prosperado como se esperava, continua sendo um exemplo emblemático das dinâmicas do mercado lácteo sul-americano na primeira década do século XXI.
Valéria Hamann
EDAIRYNEWS