Assim como Carrazzone, mais de 300 criadores e agricultores pernambucanos já receberam capacitação e apoio com insumos do programa Prospera Corteva Agriscience – Divisão Agrícola da DowDuPont -, que visa incentivar pequenos produtores e da agricultura familiar a promover o desenvolvimento por meio do acesso ao conhecimento técnico de melhores práticas de manejo e tecnologias para o aumento da produtividade.
Nesta semana, a Corteva realizou uma nova capacitação para produtores, estudantes e profissionais de agronomia na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Recife, onde montará um novo campo experimental para a realização dos dias de campo. “Os alunos da universidade são aqueles que, no futuro, estarão no campo para entender os desafios dos produtores e trazer as melhores soluções de forma sustentável para o desenvolvimento da cultura do milho na região, assim como estimular o empreendedorismo rural. É importante que estejam devidamente capacitados”, ressalta o gestor do programa, Alexsandro Mastropaulo.
No ano passado, o programa atingiu a meta de colher, em média, mais de 80 sacas/ha, quando a produtividade média de milho no Estado é de 10 sacas/ha. Através do programa Prospera, a Corteva visualizou no Estado a possibilidade de criar uma nova região de produção de milho que atenda a demanda e, no futuro, até exportar o seu excedente.
O programa Prospera identificou a dificuldade de pecuaristas em terem acesso a alimento para o gado leiteiro e apostou na capacitação para que os próprios criadores invistam no plantio de milho. Em Pernambuco, segundo levantamento da empresa, a saca de milho chega a ser vendida a R$ 60 na Ceasa, enquanto em outros estados, é comercializada a uma média de R$ 38. Além disso, Pernambuco tem uma alta demanda pelo grão para atender a bacia leiteira, as granjas de frango e suínos e as indústrias de cerveja presentes no Estado.
“Tem uma cadeia produtiva em que a demanda é muito alta e a oferta é muito baixa, que vem da indústria aviária de corte, que não consegue capitar grão aqui e vão capitar em outros estados, as industrias cervejeiras, que já chegaram a buscar milho até na Argentina”, acrescenta.
De acordo com Mastropaulo, Pernambuco tem uma demanda mensal de mais de um milhão de sacas de grãos. Ainda que o Estado consiga produzir o suficiente para suprir isso, não teria problema para escoar o excedente local de produção, pela vantagem do Porto de Suape, apto para a exportação de grãos. “A perspectiva e potencial para a cultura do milho no estado é muito grande. Tem que existir tecnologia e vontade dos envolvidos na produção, sejam pesquisadores, estudantes de agronomia e produtores, para desenvolver a cadeia produtiva”, ressalta.
Na gestão de risco, ainda que haja uma seca que inviabilize a produção de grãos, é possível ainda ter renda produzindo silagem.
Os produtores que ingressam no programa recebem os insumos como sementes, agroquímicos e fertilizantes gratuitamente da empresa, participam das aulas práticas para otimizarem as atividades e a mecanização terceirizada é ainda terceirizada pela Corteva. Ao final da colheita, eles ainda recebem assistência técnica para fazer a comercialização do grão e, ao receberem pela venda, pagam o custo das operações de mecanização que foram terceirizadas.
“A gente entende que o produtor deve participar de 3 a 4 anos do programa conosco. Nesse período, ele vai receber treinamento em sala de aula, monitoramento no campo so que, no terceiro ano, até o momento entendemos que ele tem condições de ter a independência dele, buscando linhas de financiamento de crédito por programas como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), com até R$ 25 mil de crédito com juros de 0,5% ao ano. Ele já plantou, já recebeu a assistência para fazer o plantio, mas ele tem que ter independência dele, utilizar recursos dele para conseguir dar continuidade”, explica Mastropaulo.
A topografia acidentada que impede que mais de 60% dos produtores realizem o plantio mecanizado de milho no Estado é mais uma das dificuldades encontradas. Com muitas áreas tomadas pela produção de cana há décadas e períodos de estiagens recorrentes, o solo e o clima são fatores fundamentais para obter o sucesso na rentabilidade do milho.
“Nenhum solo é totalmente impróprio para o plantio, porque tudo depende do manejo e o uso de tecnologias. Não se faz um plantio direto aqui ainda. Aqui faz e se faz bem feito o convencional, mas precisamos pensar num futuro de uma agricultura conservacionista, com menor revolvimento de solo”, comenta a líder técnica do programa, Claudete Baumgratz.
Ela cita, como exemplo, a região do oeste baiano, no município de Luís Eduardo Magalhães, onde o solo é basicamente composto de areia fina ou grossa e há seca todos os anos, e ainda nessas condições são colhidas cerca de 180 sacas por hectare.
O Estado de Sergipe, iniciado há mais tempo com a introdução de tecnologias de milho na agricultura de pequeno porte, já conta com aproximadamente 250 mil hectares do grão híbrido.