A personalização no varejo alimentar está deixando de ser um diferencial para se tornar um fator estratégico de sobrevivência, especialmente no Brasil, onde a competição entre supermercados é intensa e a presença de produtos lácteos ocupa espaço relevante nas gôndolas.
Segundo Gilmar Horácio, CEO da Smart Performance, empresa especializada em inteligência de dados, a digitalização é o primeiro passo para transformar a relação entre indústria e varejo, garantindo que os produtos certos — incluindo leite, queijos e derivados — cheguem ao consumidor no momento certo.
“A eficiência logística nos supermercados não depende apenas do centro de distribuição; ela começa com dados em tempo real no ponto de venda, onde a digitalização faz a diferença entre ruptura e resultado”, afirma Horácio.
Esse olhar para o comportamento do consumidor no ponto de venda permite aos supermercados se anteciparem às demandas.
Saber o que vende, o que falta e o que está parado não só reduz rupturas como também otimiza o mix de produtos, incluindo os lácteos, que sofrem impacto direto de quebras na cadeia de frio e sazonalidade de consumo.
A integração digital entre loja, estoque e indústria cria um ecossistema mais eficiente. Horácio explica que essa interdependência é crítica: “Se o ponto de venda não tem visibilidade em tempo real, a indústria erra na previsão, o supermercado perde vendas, e a ruptura vira rotina”.
Para o setor lácteo, essa afirmação ganha peso: a falta de dados precisos pode resultar em desperdício de produtos perecíveis, aumento de custos logísticos e menor disponibilidade para o consumidor final.
Além disso, a adoção de dashboards inteligentes e sistemas que permitem a análise instantânea do desempenho no varejo tem transformado a logística de um modelo reativo para um modelo estratégico.
Supermercados que investem nessa transformação conseguem não apenas repor estoques de forma mais ágil, mas também adaptar campanhas promocionais, posicionamento de gôndola e comunicação direta ao perfil de cada loja ou região.
Essa evolução tecnológica não é apenas um ganho para o varejo: ela beneficia diretamente a indústria láctea, que passa a ter previsões mais confiáveis, menos perdas e maior eficiência no planejamento de produção.
Em um país como o Brasil, onde a diversidade de consumo entre regiões é grande — desde o alto consumo de leite UHT no Sudeste até a maior demanda por queijos no Sul —, essa customização pode se traduzir em margens mais saudáveis e um relacionamento mais sólido com os distribuidores.
Para os supermercados, trabalhar com dados vivos, digitais e integrados significa sair da dependência de relatórios semanais e agir quase em tempo real.
“Quem quer competir nesse mercado precisa trabalhar com dados vivos, digitais, integrados e confiáveis”, reforça o CEO da Smart Performance.
Isso significa que o varejo deixa de apenas vender produtos e passa a entregar soluções sob medida, criando conexões mais fortes com seus clientes e construindo vantagem competitiva sustentável.
O impacto para o setor lácteo é duplo: por um lado, melhora a eficiência operacional e a disponibilidade de produtos frescos; por outro, abre espaço para inovações personalizadas, como linhas de iogurtes adaptadas a preferências locais ou promoções direcionadas a públicos específicos, como intolerantes à lactose ou consumidores de produtos premium.
A personalização, portanto, não é apenas uma tendência, mas uma estratégia essencial para a sobrevivência e crescimento do varejo alimentar no Brasil.
Para a indústria de lácteos, representa uma oportunidade de reduzir perdas, aumentar previsibilidade e fortalecer a presença de seus produtos nas gôndolas em um mercado cada vez mais digitalizado.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de SuperVarejo