Na pecuária leiteira, fêmeas que receberam carinho e afago antes do parto tiveram melhor desempenho produtivo na ordenha de leite
Valor total distribuído para os criadores será de R$ 10 milhões COTRIROSA/DIVULGAÇÃO/JC

Na pecuária leiteira, fêmeas que receberam carinho e afago antes do parto tiveram melhor desempenho produtivo na ordenha de leite

Pesquisadora Lenira El Faro Zadra: ‘Percebemos que o comportamento destes animais, quando recebem carinho, fica menos reativo, interferindo na boa produtividade de leite’ (Divulgação)

Pesquisadora Lenira El Faro Zadra: ‘Percebemos que o comportamento destes animais, quando recebem carinho, fica menos reativo, interferindo na boa produtividade de leite’ (Divulgação)

Em uma etapa estratégica da pecuária leiteira, que é a geração de bezerros para a renovação dos plantéis, a ciência dá a sua contribuição para demonstrar a importância do manejo “afetivo” das fêmeas prenhas. Estudo conduzido por Lenira El Faro Zadra, pesquisadora do Instituto de Zootecnia (IZ-Apta) em Sertãozinho comprovou que o afago causa conforto para os animais em trabalho de parto. Também evita o estresse das fêmeas, quando os bezerros são retirados do seu convívio.

O experimento foi feito com animais zebuínos, de raças leiteiras, que receberam carinho e demonstraram que as técnicas de manejo tátil, do produtor, são importantes no desempenho dos animais na sala de ordenha.

“Quando recebem carinho, as fêmeas que estão na produção de leite entendem que o ser humano, no trabalho da ordenha, não irá machucá-las. E percebemos ainda que o comportamento destes animais fica menos reativo, interferindo na boa produtividade de leite”, conta Lenira.

De acordo com a pesquisadora, foram avaliados dois grupos de animais, entre as novilhas que receberam o afago no manejo e as que não receberam o afago. “Durante cinco dias, usamos uma escovinha, para acariciar o dorso da fêmea e depois o úbere (as glândulas mamárias), porque entendemos que o produtor também precisa de um equipamento, que não seja somente a mão para facilitar a manipulação tátil”, afirma.

Os animais que receberam carinho antes do parto passavam mais tranquilamente pela sala de ordenha, onde é realizada a atividade da produção leiteira. O grupo que não recebeu o afago estava mais inquieto, com comportamentos mais reativos, como sapatear, bufar e dar coices. Segundo Lenira, o estudo é importante para avaliar a rotina da ordenha, evitando até mesmo acidentes para os produtores de leite, com as fêmeas se mantendo mais tranquilas.

 (Divulgação/Wenderson Araujo/Trilux)

(Divulgação/Wenderson Araujo/Trilux)

Maior produtividade

Na avaliação dos pesquisadores, após receberem o carinho em momentos distintos – pré-parto e pós-parto – as fêmeas tiveram ainda a análise de leite com resultado de maior produtividade.

Lenira diz que houve aumento de leite de dois litros por dia, com as vacas que receberam estimulação tátil. Além disso, os afagos nas fêmeas resultaram positivamente na liberação de hormônio de ocitocina (responsável pela ejeção de leite) e no menor nível de cortisol.

“A nossa intenção foi a de avaliar o comportamento do animal, principalmente da raça Gir, que é mais reativo. E concluímos ainda que, um mês antes de levar a fêmea para o curral ou sala de ordenha, o produtor pode dispor de dois ou cinco minutos do seu tempo com a manipulação tátil. Além de viabilidade econômica com a produtividade, ele terá um animal mais dócil”, ressalta Lenira.

Resultados positivos no dia a dia da lida

Produtores da região que investem no manejo “afetivo” dos animais que estão em pré-parto e na sala de ordenha relatam bons resultados. O afago começa com os bezerros, que vão se acostumando com as várias etapas da produção leiteira. Um cuidado associado a um ambiente de bem-estar na hora da ordenha, dizem, faz a diferença.

Dona do “Mundo Vaca Sustentabilidade” – propriedade em Guapiaçu que preconiza o bem-estar animal – , Sueleni Rodrigues não dispensa o carinho no manejo.

“O trabalho começa no nascimento, quando as bezerras são separadas das mães, nós acolhemos para que elas não se sintam desamparadas. E quando vão crescendo, continuamos com o carinho, sempre. Percebemos que os animais respondem muito bem na sala da ordenha”, conta Sueleni.

Em Urupês, na chácara “Vó Emília”, o pecuarista Eder Augusto Duarte faz o manejo cuidadoso com as fêmeas em fase de pré-parto. “Na sala de ordenha, temos também o cuidado com as novilhas, evitando que elas fiquem estressadas. Tratamos com cuidado e fazemos até massagem. Jamais batemos em um animal. Os bezerros adoram receber carinho”, afirma ele, que não faz uso de ocitocina para estimular o leite, dando preferência no bom manejo com as fêmeas que estão em fase de lactação. (CC)

Bem-estar animal faz a diferença

Uma bezerra bem cuidada será mais dócil e passará a produzir mais leite

Uma bezerra bem cuidada será mais dócil e passará a produzir mais leite

Na produção de leite, os animais precisam ser muito bem cuidados e há uma relação de respeito entre o produtor e as fêmeas que estão em lactação.

Para o médico veterinário da Secretaria de Agricultura e Abastecimento-Cati, de Catanduva, Ricardo dos Santos da Silva, priorizar o bem-estar animal é o caminho para as propriedades rurais, tanto nas atividades da pecuária de leite como na de corte. “Uma bezerra bem cuidada será mais dócil e produzirá mais leite”, diz Ricardo.

Ricardo destaca também que não há dúvida que ao receber o afago, a fêmea tem melhor desempenho na ordenha. Ele explica que a sala de ordenha tem equipamentos que fazem muitos ruídos, o que pode deixar as vacas leiteiras estressadas. “O animal, na ordenha, sempre tem uma rotina, sendo importante para o pecuarista manter o bem-estar destes bovinos”. (CC)

A Nova Zelândia deu início à temporada de laticínios com um impulso impressionante, provavelmente contribuindo com uma quantidade substancial de oferta para o mercado, de acordo com a Westpac NZ.

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