O Governo Federal lançou nesta terça-feira (1º) o Plano Safra 2025/2026, com um volume recorde de R$ 516,2 bilhões para impulsionar a agricultura empresarial no Brasil. O pacote representa um acréscimo de R$ 8 bilhões em relação à safra anterior e vem acompanhado de medidas que elevam as exigências ambientais e ampliam o apoio à produção sustentável — fatores que também impactam diretamente o setor leiteiro.
Sob o slogan “Força para o Brasil crescer”, o Plano Safra mantém o crédito para custeio, comercialização e investimento, com condições específicas conforme o perfil do produtor. As taxas de juros e limites serão detalhados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), mas o destaque desta edição está nas novas regras que ligam o financiamento à responsabilidade ambiental.
Zarc agora é obrigatório para mais produtores
Uma das mudanças de maior alcance é a ampliação da exigência do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). Antes restrito a operações de até R$ 200 mil vinculadas ao Proagro (seguro agrícola para pequenos produtores), agora o Zarc passa a ser critério obrigatório para financiamentos acima desse valor, mesmo que o Proagro não seja exigido.
A medida visa evitar o uso de crédito fora de períodos ou regiões indicadas para cada cultura, fortalecendo a previsibilidade da produção e minimizando perdas — um ponto que também impacta o leite, especialmente em sistemas de integração com pastagens ou agricultura de suporte.
Flexibilização para insumos e incentivo ao solo saudável
Outra novidade é a permissão para o financiamento de rações, suplementos e medicamentos adquiridos até 180 dias antes da contratação do crédito, o que oferece mais flexibilidade na gestão dos insumos, incluindo propriedades leiteiras.
O crédito de custeio também poderá ser direcionado à produção de sementes e mudas de espécies florestais, além de insumos para o cultivo de plantas de cobertura no período de entressafra — prática que contribui para a preservação do solo e se alinha às exigências de sustentabilidade, inclusive nas propriedades leiteiras que adotam sistemas integrados.
Leite A2A2 e agro sustentável ganham força
O governo mantém o incentivo à produção sustentável com juros reduzidos para quem adotar boas práticas, incluindo ações que favorecem o bem-estar animal, o reflorestamento e o cultivo de culturas de cobertura.
Embora o anúncio não traga detalhes exclusivos para o leite A2A2, a tendência de valorização de sistemas sustentáveis e rastreáveis reforça o ambiente favorável à produção diferenciada, como a que vem sendo promovida por programas de certificação da Jersey Brasil e de outras entidades.
RenovAgro, armazenagem e apoio à pecuária
O RenovAgro Ambiental foi ampliado para incluir ações de combate a incêndios e recuperação de áreas protegidas, além de permitir o financiamento de caminhões-pipa e mudas nativas para recomposição de áreas de preservação permanente — medidas que podem beneficiar diretamente produtores de leite em regiões vulneráveis.
O Programa de Construção de Armazéns (PCA) também dobrou o limite por projeto, passando de 6 mil para 12 mil toneladas, o que contribui para a modernização da infraestrutura de estocagem e logística, essencial para a cadeia produtiva do agro.
O limite de renda para enquadramento no Pronamp subiu de R$ 3 milhões para R$ 3,5 milhões, abrindo as portas para que mais produtores — inclusive médios pecuaristas e cooperados — tenham acesso às linhas de crédito com condições diferenciadas.
Novo ciclo, velhos desafios
O Plano Safra 25/26 chega em meio a debates sobre custos de produção, alta das exigências ambientais e a necessidade de equilibrar sustentabilidade com rentabilidade no campo.
Para o setor leiteiro, o pacote representa oportunidades, mas também reforça a importância da gestão eficiente, da adoção de boas práticas e da atenção às tendências de mercado, como a crescente demanda por produtos rastreáveis, de origem sustentável e com apelo de saúde, como os derivados de leite A2A2.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Sindilat