Olá, amante de queijos!
Você já se perguntou por que aquele queijo delicioso no seu prato é amarelo enquanto o leite, de onde ele vem, é branco? 🤔 A resposta vai te surpreender e te levar por uma jornada cheia de ciência, história e curiosidades.
A resposta vai além do que os olhos podem ver e envolve ciência, história e até mesmo algumas estratégias comerciais curiosas. Vamos explorar essa transformação mágica que começa no campo, passa pela cozinha e termina no seu prato.
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Imagine uma vaca pastando tranquilamente em um campo verde, comendo grama fresca sob o sol. Esse é o início da história. O leite que essa vaca produz é branco, mas guarda um segredo colorido: o betacaroteno, um pigmento amarelo-alaranjado presente na grama. Esse composto é o mesmo que dá cor às cenouras e é armazenado na gordura do leite da vaca. Mas se o betacaroteno está lá o tempo todo, por que o leite parece branco?
A resposta está na composição do leite. Ele é formado por água, gorduras e proteínas, como a caseína, que reflete e espalha a luz de maneira uniforme, criando a ilusão de uma cor branca. O betacaroteno, dissolvido na gordura, permanece invisível aos nossos olhos enquanto está diluído nesse líquido.
Quando o leite é transformado em queijo, no entanto, tudo muda. Durante o processo de fabricação, grande parte da água do leite é removida, concentrando as gorduras e as proteínas. É nesse momento que o betacaroteno ganha protagonismo, revelando sua cor amarelada. Quanto mais rica a dieta da vaca em pasto fresco, mais intenso será o tom do queijo.
Por isso, queijos como o cheddar e o gouda, produzidos em regiões onde as vacas pastam livremente, tendem a ter cores vibrantes. Em contraste, queijos feitos com leite de vacas alimentadas com ração industrializada podem ter tons mais pálidos.
Mas a história não para por aí. No século XVII, produtores de queijo na Inglaterra perceberam que os queijos mais amarelos eram considerados de melhor qualidade, pois indicavam um alto teor de gordura, associado à riqueza do sabor. Para padronizar a aparência e atender às expectativas do mercado, começaram a adicionar corantes naturais, como o urucum (também conhecido como achiote), extraído das sementes de uma planta tropical. Essa prática se popularizou e, até hoje, muitos queijos devem seu tom dourado a esse ingrediente.
Por outro lado, queijos como a mussarela e o queijo fresco são brancos porque contêm menos gordura ou passam por processos que não concentram o betacaroteno. O mesmo ocorre com queijos feitos de leite de cabra ou ovelha, já que esses animais convertem o betacaroteno em vitamina A de maneira mais eficiente, eliminando o pigmento antes que ele chegue ao leite.
Há também fatores culturais e regionais que influenciam o uso de corantes. Nos Estados Unidos, por exemplo, o cheddar frequentemente ganha uma tonalidade alaranjada intensa, que pode parecer exagerada para quem está acostumado a queijos mais naturais. Enquanto isso, em países europeus, prevalece uma preferência por tons mais suaves e próximos ao amarelo natural.
Seja pela ciência ou pela história, o tom amarelo do queijo é um lembrete de como o alimento que consumimos reflete o ambiente de onde vem e as escolhas feitas ao longo do processo de produção. Então, na próxima vez que você cortar um pedaço de queijo amarelo, lembre-se: aquele tom não é apenas uma questão de estética, mas o resultado de um ciclo fascinante que começa no pasto e termina no seu prato.
Quem diria que algo tão simples como a cor do queijo teria tanto para contar?
Valéria Hamann
EDAIRYNEWS