O período mais crítico para a vaca leiteira é o de transição.
Essa fase é descrita por vários pesquisadores como sendo o momento de maior desafio para os animais e para os produtores de leite, já que os impactos deste influenciam todo o período de lactação da vaca.
Entre os fatores mais relevantes nesta fase de transição da condição de gestante para lactante, está a baixa ingestão de matéria seca associada à grande exigência nutricional.
A ingestão de matéria seca no período de transição começa a diminuir nos últimos 10 dias de gestação e se acentua nas últimas 48 horas antes do parto.
Ocorre um aumento insuficiente na ingestão de matéria seca nas primeiras semanas após o parto e isso leva a um desequilíbrio entre o consumo e as necessidades energéticas para atender a manutenção e a produção de leite com composição adequada.
Sendo assim, as vacas entram em um quadro de balanço negativo de nutrientes, quando passam a ser mais suscetíveis às doenças metabólicas, tais como retenção de placenta, cetose, deslocamento de abomaso, mastite, etc.
Desta forma, estratégias para reduzir a duração do balanço energético negativo, através do aumento da ingestão de matéria seca, devem ser prioridade no manejo de vacas em fase de transição.
O fornecimento de drench de consumo voluntário, ou seja, sem necessidade de contenção do animal, traz vários benefícios nesta fase.
Entre os objetivos do uso do drench no pós-parto está a hidratação e a reposição de eletrólitos, além do fornecimento de fontes de cálcio e energia.
E o propósito da hidratação e da manutenção da calcemia é justamente auxiliar na busca pelo aumento da ingestão de matéria seca no pós-parto.
Taxa de ruminação
O monitoramento automatizado de parâmetros comportamentais e fisiológicos da vaca fornece muitas informações sobre a produtividade, as condições de bem-estar e, principalmente, a saúde destes animais e pode ser o principal aliado neste desafio.
As coleiras individuais fornecem informações da taxa de ruminação, por exemplo. A avaliação desta taxa durante o período de transição pode oferecer pistas para a identificação de processos patológicos, e, desta forma, permitir a adaptação da abordagem para cada situação.
Essa avaliação pode ser feita verificando o número de movimentos ruminais dos últimos 10 dias que antecedem a data prevista do parto (DEL-10), desconsiderando a oscilação das 48 horas pré-parto e comparando com a taxa de ruminação dos 5 primeiros dias de lactação (DEL5).
A taxa de ruminação do DEL5 precisa ser igual ou superior à taxa de ruminação do DEL -10 (Gráfico 1).
A utilização do drench no pós-parto imediato ajuda na melhora da taxa de ruminação nos primeiros dias após o parto, através da hidratação e dos seus componentes (Gráfico 2).
Entre os benefícios que podem estar associados à esta melhora na taxa de ruminação, causada pelo aumento da ingestão de matéria seca, está a diminuição na prevalência de algumas doenças, como por exemplo, a retenção de placenta (Gráfico 3) e o deslocamento de abomaso (Gráfico 4).
Considerações finais
O uso do drench de consumo voluntário no pós-parto é uma alternativa para reduzir o impacto negativo do desequilíbrio do balanço energético negativo causado pelo aumento dos requerimentos nutricionais e diminuição na ingestão de matéria seca durante o período de transição em vacas leiteiras, pois melhora a taxa de ruminação nos primeiros dias após o parto.
Associado a isso está a redução de doenças importantes do período de transição como, por exemplo, a retenção de placenta e o deslocamento de abomaso.