📈 O preço da manteiga subiu mais de 60% na Nova Zelândia no último ano, atingindo valores entre NZ$8 e NZ$11 por 500g. A alta levou o CEO da Fonterra, Miles Hurrell, a ser confrontado por políticos e jornalistas em pleno Parlamento.
Na última terça-feira (22), Hurrell participou de reuniões com representantes dos principais partidos do país, incluindo encontros com o Partido Nacional, o ACT e o Partido Trabalhista.
O momento mais esperado, porém, foi o encontro com a ministra das Finanças, Nicola Willis, que afirmou publicamente que o preço da manteiga estaria entre os tópicos centrais da conversa com o executivo da gigante cooperativa láctea.
A pressão sobre Hurrell reflete a crescente insatisfação da população neozelandesa, que vem sentindo no bolso o impacto da inflação sobre produtos básicos como a manteiga.
“Você vê que tudo está subindo. Olha o preço da manteiga!”, disse um consumidor em Auckland à emissora 1News. Outra moradora comentou: “Meu Deus, manteiga! Está quase o dobro do que era antes.”
Apesar da insistência da imprensa, Hurrell se recusou a dar declarações detalhadas antes da conversa com a ministra. Quando questionado se NZ$8 por uma manteiga era um valor aceitável, limitou-se a repetir: “Deixe-me conversar com a ministra Willis esta tarde.”
A ministra, por sua vez, reconheceu a complexidade por trás da formação de preços no setor lácteo, mencionando fatores como a inflação geral, a competitividade entre os supermercados e os custos envolvidos na produção. No entanto, ela deixou claro que deseja entender melhor as margens de lucro envolvidas.
“Estou interessada na visão da Fonterra sobre as margens dos supermercados na Nova Zelândia em comparação com, por exemplo, a Austrália”, disse.
O mercado global de laticínios, segundo a Fonterra, vive um momento de preços historicamente altos. O índice GDT (Global Dairy Trade) tem registrado níveis não vistos há cinco anos, pressionando os valores no mercado interno.
No entanto, isso não impede que haja questionamentos sobre quanto da alta chega de fato ao produtor e quanto é absorvido ou ampliado na cadeia até o consumidor final.
O tema também esquentou os debates no Parlamento. O líder da oposição, Chris Hipkins, ironizou o primeiro-ministro Christopher Luxon perguntando quantos blocos de manteiga ele conseguiria comprar com os NZ$60 que diz gastar semanalmente em compras. A resposta do premiê foi curta: “Essa foi uma resposta espertinha, né?”
Apesar do desconforto causado, a ministra Willis — que já trabalhou como executiva na própria Fonterra — reforçou que quer mais transparência da cooperativa sobre sua política de preços. “Acredito que Miles Hurrell tem a oportunidade de explicar o que compõe o preço de um bloco de manteiga, e é do seu interesse fazer isso”, afirmou.
Ao ser novamente pressionado por jornalistas sobre quais margens a Fonterra pratica sobre a manteiga, Hurrell se manteve firme: “Vamos conversar com a ministra à tarde.” Mas reconheceu que o tema é relevante para o país: “Sim, é claro que é um grande assunto.”
A escalada dos preços da manteiga ocorre em um contexto global de alta de insumos e custos logísticos, mas também levanta questões sobre a estrutura de formação de preços na Nova Zelândia, país conhecido por sua forte vocação exportadora de lácteos.
O caso deve continuar repercutindo, com a opinião pública demandando maior clareza e equidade na precificação de alimentos básicos.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de 1News